Wednesday, December 23, 2009
O som do piano
Entrei na festa cabisbaixo e cheio de vontade de sair de imediato. Porém, o som de um piano que vinha da sala capturou a minha atenção mal comecei a ouvir as primeiras notas.
Nessa sala havia um grupo de pessoas à volta do piano, grupo este que estava muito atento ao som daquele maravilhoso instrumento. Quem o tocava era uma mulher, o que tornava tudo ainda mais mágico. As suas mãos eram delicadas nas melodias calmas e fortes como trovões nas melodias mais mexidas.
Ás tantas estava sentado na mesa mais próxima do piano juntamente com algumas pessoas que não conhecia. A música cada vez encantava mais os convidados e cada vez eram mais as pessoas que faziam silêncio para ouvir aquela bela criatura tocar piano. Conseguia perceber isso porque o som do piano era mais nítido e não se ouvia tanto barulho de conversas formais que não interessam a ninguém (ou não deviam interessar).
Durante uns minutos fechei os olhos e concentrei-me apenas na melodia. Como era indescritível aquela sensação...
No final, todos aplaudiram até as suas palmas das mãos começarem a ficar roxas. Eu nem um membro do meu corpo consegui mexer...
A bela mulher fez uma vénia como agradecimento e saiu pelas portas da cozinha.
Perguntei às pessoas estranhas que estavam na mesa onde me tinha sentado se ela ainda iria tocar mais alguma vez. Ao que me responderam: - Esperemos que venha tocar mesmo desta vez.
Surpreso com o que tinha acabado de ouvir disse: - O quê?
- Sim, porque realmente sentar-se ao piano e não tocar é uma parvoíce. Não sei quem a convidou para actuar neste evento mas fez uma péssima escolha ... Olha lá vem ela.
Decidida, sentou-se ao piano e começou a tocar a mesma melodia maravilhosa que me tinha aprisionado naquela sala mal entrei na festa.
Deja-vú...Aconteceu tudo exactamente como me parecia ter acontecido há uns minutos atrás.
Não percebi o que aconteceu esta noite mas fico feliz por ter acontecido.
E mais uma vez vi a senhora a sair pela porta da cozinha quando acabou de tocar, e mais uma vez perguntei se ela viria tocar outra vez. Ao que me responderam: - Vem sim, depois do jantar.
Nem imaginam a minha cara de alegria e o sossego do meu coração...
Friday, December 18, 2009
Estrela que estais no céu...
As montanhas estão longe, por detrás delas uma luz avermelhada de pôr-de-sol única.
O céu tem imensas cores, do amarelo ao azul claro... Um azul mais escuro é a cor da maior parte do céu. Maravilham, a mistura de cores. O vermelho funde-se com o amarelo que por sua vez funde-se com o azul. Lá pelo meio está o branco, que é imprescindível na natureza e em tudo. O branco de paz, de equilíbrio, de calma. O maravilhoso branco.
Lá bem em cima uma estrela brilha, sozinha no céu inteiro. Não se vê mais nenhuma...
Se olharmos para cima apenas ela se destaca.
E já não vejo mais nada, nem cores, nem montanhas, nem luzes, nem nada... Apenas aquele ponto brilhante na imensidão do céu. As cores vão desaparecendo, os contornos das montanhas também, mas a estrela essa mantém o seu brilho e o seu lugar.
À pouco tempo era a única estrela no céu, agora já começaram a aparecer outras estrelas iguais a elas. Parecidas... Esta continua a brilhar mais.
E mesmo que não brilhasse seria especial para mim, pois foi a estrela que me maravilhou, aquela que me deu esperança, que me aqueceu apesar do frio da noite. Uma simples estrela pode fazer tudo isto?!
Pode, e muito mais... Assim como todos os elementos da natureza. Se lhes dedicarmos tempo e atenção, se soubermos ver e ouvir, se não tivermos medo de estar sozinhos...
Num mundo perfeito a Natureza seria o nosso deus.
Sunday, December 13, 2009
Aterrorizada...
Ela olhava para mim como se alguém tivesse morrido. Nem precisou de dizer nada, bastou-me uns segundos para entender o terror que via nos seus olhos. Entendi que estava perdida num labirinto, sozinha e sem voz para gritar por ajuda.
Ela não conseguia pronunciar uma palavra porém, nem foi preciso. Conheço-a melhor que ninguém, conheço todos os seus defeitos e qualidades, sei melhor que ninguém as suas capacidades e os seus limites.
Tinha chegado ao seu limite e eu conseguia ver, só de olhar para ela, o abismo que tinha mesmo à sua frente.
Toquei-lhe na mão, apertei-a e apeteceu-me poder entrar no seu mundo e tirá-la daquele sítio horrível do qual ela não estava a conseguir sair.
Apesar de a conhecer bem, ela sempre teve uma parte de si que era só dela e foi nessa parte que ela se escondeu, não me deixando entrar.
Dentro de um labirinto com um abismo à sua frente numa parte da sua mente onde ninguém podia entrar... Ela estava desolada e só ela podia salvar-se a si própria.
Um tempo depois o terror saiu-lhe dos olhos e a indiferença instalou-se na sua alma. Começou a não ter expressões e quando sorria eram só os lábios que mexiam para agradar os outros. Os seus olhos não brilhavam nunca, nem quando alguém a elogiava...
Ela limitou-se a sair da frente do abismo e a sentar-se uns metros mais atrás.
Com o tempo foi voltando ao normal, o abismo já tinha desaparecido de vista e o labirinto também. A palavra perdida já não se adequava à sua realidade, adequava-se mais a palavra solitária... O labirinto tinha deixado as suas marcas.
Sempre ouvi dizer que é com as crises que aprendemos a ser fortes e são elas que engrandecem a nossa personalidade. "O que não nos mata, deixa-nos mais fortes."
Assim foi! É uma das pessoas mais corajosas e fortes que conheço, já se perdeu, já se encontrou, sobreviveu, venceu.
E é disto que se faz uma vida.
Gostava de ter esse tipo de problemas, gostava de me perder...
No fundo nem sei de que material sou feita. Nem quem sou eu, nem o que é a vida...
Saturday, December 5, 2009
Em que as coisas têm toda a realidade que podem ter,
Pergunto a mim próprio devagar
Porque sequer atribuo eu
Beleza às coisas.
Uma flor acaso tem beleza?
Tem beleza acaso um fruto?
Não: têm cor e forma
E existência apenas.
A beleza é o nome de qualquer coisa que não existe
Que eu dou às coisas em troca do agrado que me dão.
Não significa nada.
Então porque digo eu das coisas: são belas?
Sim, mesmo a mim, que vivo só de viver,
Invisíveis, vêm ter comigo as mentiras dos homens
Perante as coisas,
Perante as coisas que simplesmente existem.
Que difícil ser próprio e não ser senão o visível!
Alberto Caeiro
Monday, November 30, 2009
Nas ruas de Estrasburgo
10.25 em Estrasburgo, França
As luzes de Natal iluminam as ruas de uma maneira que só apetece percorrê-las todas.
O espírito natalício nota-se na cara das pessoas e sente-se no ar. Tudo parece ter um aspecto mais leve, tudo parece tão mais bonito…
Reparo que os franceses são pessoas alegres que gostam de passear à noite. Vejo pessoas a passear com os bebés e crianças a brincarem com balões. Apetece-me juntar-me a elas...
Os franceses são diferentes de nós em vários aspectos e na verdade nunca os vi tão bem como os vejo agora.
Parecem ser pessoas bastante simples e divertidas. Talvez achem que são um pouco superiores mas isso não se nota nas ruas de Estrasburgo. Apenas noto que são pessoas muito educadas e parecem saber viver a vida…
De uma maneira que nós portugueses não sabemos. Andam de bicicleta, brincam com os filhos na rua e fazem passeios à noite apenas pelo passeio
Nem o frio que se sente na rua faz as pessoas ficarem em casa e isso é espectacular. Mesmo cheia de frio tenho vontade de me juntar a eles, de ir andar de bicicleta e não ter hora para voltar a casa, de sorrir como eles sorriem e de brincar como as crianças brincam aqui na praça.
A esta hora Portugal estaria fechado em casa à frente de um PC ou de uma TV, no máximo à frente de uma tela de cinema. Os mais jovens provavelmente estariam fechados num bar ou numa discoteca.
Por aqui com uns 11º graus passeamos na rua e maravilhamo-nos com as luzes de Natal.
Não sei se é das pessoas ou se é apenas o espírito natalício, só sei que era bom que as pessoas fossem sempre assim, em todo o lado.
Pedaços de mim
Como detesto o teu cheiro que me faz sentir no céu, como odeio o teu toque que me paralisa, como abomino o teu olhar que me deixa fixada em ti…
Não sei o que estavas a fazer nem o que estavas a pensar, apenas sei que estás a dar comigo em doida. Preciso que pares de ser assim. Preciso que fiques comigo toda ou que não fiques com nada de mim.
Mentiras não!
Era a última coisa que me podias ter feito. Desculpava-te tudo menos isto.
Não podias ter feito o que fizeste, não podias ter-me enganado desta maneira.
Mentiste tanto que chegaste a mentir com o coração, que chegaste a mentir impulsivamente, chegaste a mentir para ti próprio…
A mentira cegou a tua vida de tal maneira que já nem sabes distingui-la da verdade.
Podia ter pena de ti, apoiar e ajudar-te a ultrapassar isto. Mas eu sempre fui sincera contigo, sempre te disse o quanto o meu bem-estar é mais importante que tudo o resto.
Sempre soubeste que sou uma egoísta inata... Por isso, não vou desculpar-te nem vou estar lá para ti. E por isso, acabou tudo aqui.
Thursday, November 19, 2009
Obrigada Portos de abrigo*
Monday, November 16, 2009
Ideias metafísicas do Livro do Desassossego
A verdade? É uma coisa exterior? Não posso ter a certeza dela, porque não é uma sensação minha, e eu só destas tenho a certeza. Uma sensação minha? De quê? Procurar o sonho é pois procurar a verdade, visto que a única verdade para mim sou eu próprio. Isolar-me tanto quanto possível dos outros é respeitar a verdade.
Toda a metafísica é a procura da verdade, entendendo por Verdade a verdade absoluta. Ora a Verdade, seja ela o que for, e admitindo que seja qualquer coisa, se existe existe ou dentro das minhas sensações, ou fora delas ou tanto dentro como fora delas. Se existe fora das minhas sensações, é uma coisa de que eu nunca posso estar certo, não existe para mim portanto, é, para mim, não só o contrário da Certeza, porque só das minhas sensações estou certo, mas o contrário de ser, porque a única coisa que existe para mim são as minhas sensações. De modo que, a existir fora das minhas sensações, a Verdade é para mim igual à Incerteza e não-ser - não existe e não é a verdade, portanto. Mas concedamos o absurdo de que as minhas sensações possam ser o erro, e o não-ser (o que é absurdo, visto que elas, com certeza, existem) – nesse caso a verdade é o ser e existe fora das minhas sensações totalmente. Mas a ideia Verdade é uma ideia minha; existe, por isso, dentro das minhas sensações: portanto, no que Verdade abstracta e fora de mim, a verdade existe dentro de mim - contradição, portanto; e erro, consequentemente.
(...)
Portanto, a verdade não existe.
Mas nós temos a ideia...
Temos, mas vemos que não corresponde a "Realidade" nenhuma, suposto que realidade significa qualquer coisa. A Verdade é, portanto, uma ideia ou sensação nossa, não sabemos de quê, sem significado, portanto sem valor, como qualquer outra sensação nossa.
Ficamos, portanto, com as nossas sensações por única "realidade", realidade que "realmente" até tem aqui certo valor, mas é uma conveniência para frasear. De "real" temos apenas as nossas sensações, mas "real" (que é uma sensação nossa) não significa nada, nem mesmo "significa" significa qualquer coisa, nem "sensação" tem um sentido, nem "tem um sentido" é coisa que tenha sentido algum. Tudo é o mesmo mistério. Reparo, porém, em que nem tudo pode significar coisa alguma, ou "mistério" é palavra que tenha significação."
Sunday, November 8, 2009
Ectopia Cordis (Um defeito no coração)
Friday, October 30, 2009
À noite...
Quando adormeço os sonhos invadem o meu espírito, ainda por cima não é só um são imensos. Todos eles com várias histórias que influenciam o meu dia-a-dia como se tratassem de pequenos filmes de um outro eu que grita por uma outra realidade
...
Aquele que mais sonho e que mais me marca é quando vou a correr para ti (personagem do sonho) e és tu que me viras as costas e não eu que tantas vezes o fiz com tantas pessoas diferentes. (Sei que sou demasiado cruel.)
De seguida sonho que te abraço mesmo assim e sonho que quero mais do que isso. Sonho que sinto alguma coisa por ti, por esse ser que tem muitas caras.
Vou realmente a correr para apanhar-te, seja de que maneira for, e não desisto nem quando tropeço, nem quando me viras costas.
E não desisto
...
É por isso que consigo sorrir todos os dias, sei que vai chegar a noite e vou ter a coragem de ir atrás da minha felicidade.
Monday, October 19, 2009
Não fugirei
Entrei no autocarro, olhei para trás e acenei para o fantasma. Ninguém tinha vindo despedir-se de mim…Claro ninguém sabia que me ia embora.
Sorri para o motorista, como se fosse feliz e tivesse alegria para partilhar, e fui-me sentar.
Sentei-me e respirei fundo, ia para Espanha, para Madrid. Nunca gostei de Espanha e na verdade continuo-o a não gostar. Estou a ir para lá porque…sou parva!
Ultimamente é a única parte de mim que ainda está activa.
É bom ser só parva e não ser mais nada.
Devia isso a mim própria, precisava de um descanso da consciência, do pensamento.
Como se fugir fosse a melhor opção…
Estava eu a duvidar das minhas decisões quando um rapaz perguntou se podia sentar-se ao meu lado. Eu olhei para ele e tirei a mala do outro banco sem pronunciar uma palavra.
Quando desviei a cara ele perguntou-me se estava tudo bem, ao que eu respondi que sim acenando apenas com a cabeça e sem olhar para ele.
O rapaz tocou no meu ombro e com uma voz com um timbre extremamente carinhoso disse-me:
- Eu sou o Leonel e adorava conhecer-te, será que me dás esse prazer?
Eu olhei para ele e, já com alguma sinceridade, sorri. E desabafei:
- Eu sou a Susana e realmente já estive melhor.
Toda a viagem foi passada a falar com aquele rapaz que apareceu inesperadamente na minha vida. Era boa pessoa e fez-me ver que estava a reagir mal fugindo.
Mal cheguei a Madrid agradeci-lhe as suas palavras e apanhei o primeiro autocarro de volta ao Porto. E voltei, voltei à confusão a que tinha fugido, a que não queria ter que enfrentar, à qual achava que não tinha capacidade para lidar.
Mudei de opinião, fugir não é a solução por mais que por vezes pareça a nossa única salvação.
Fugimos porque temos medo, receio, falta de coragem… Fugimos porque somos cobardes!
Quero lá eu ser assim.
Voltei. E agora vais me ter de ouvir. Estou farta de fugir.
Saturday, October 10, 2009
Desafio
1. Exibir o selo.
3. Indicar outros 5 blogues:
5. Para cada sentido, responder às perguntas:
Thursday, October 8, 2009
Da esquerda para a direita
O Agora
Friday, September 18, 2009
A teu lado (versão feminina do Perdi-te a ti)
Under pressure
Desisti
Depois vi-te com outra e apanhei um choque. Senti-me mais vazia do que nunca. Como se me tivessem tirado o chão. Não tinha percebido o quanto eras importante.
Saturday, September 12, 2009
Sunday, August 30, 2009
Sem sentido?
Quando abri os olhos vi tudo às cores, cores vivas, cores reais. O mundo continuava igual... Como se nada tivesse acontecido.
Wednesday, August 26, 2009
Quem és tu?
Friday, August 21, 2009
O mais importante
No outro dia estava eu sozinha a passear no shopping, para variar, quando vi uma cara conhecida.
Era uma mulher com os seus 1,75 de altura, magricela, ar desleixado e uma cara de poucos amigos.
Tive uns segundos a olhar para ela e foi o que bastou para lembrar-me de onde a conhecia. Era uma antiga amiga de escola.
Bolas ao olhar para ela apercebi-me como o tempo tinha passado. Já não éramos aquelas meninas que liamos Witch e passávamos horas ao telefone a falar de coisas sem o mínimo interesse.
Agora éramos duas mulheres e tínhamos seguido caminhos separados.
Há anos que não falava com ela. Já nem me lembro qual foi o momento exacto em que deixámos de falar, penso que foi quando tivemos uma discussão sobre as companhias dela.
Ao lembrar-me disto dirigi-me a ela:
- Olá! - disse eu com um sorriso de orelha a orelha feliz por a reencontrar.
Ela ficou uns segundos a olhar para mim e depois respondeu:
- Ah eu conheço-te... Sara! Estás tão diferente!
E sentámo-nos num café a conversar.
Passei umas boas 2 horas a ouvi-la. Contou-me tudo. Contou-me que não tinha acabado o 12ºano, contou-me que se tinha metido nas drogas no ano a seguir a ter deixado de falar comigo. Contou-me que fez uma desintoxicação há uns anos e que agora tem andado melhor. Contou-me que tinha 2 filhas a viver com o pai porque ainda não se sentia capaz de cuidar delas.
Depois de dizer isto caiu-lhe uma lágrima do olho e admitiu que não tinha era coragem de enfrentar o pai depois de tudo o que aconteceu.
Tentei dar-lhe alguns conselhos e animá-la um bocado. Acho que tive sucesso porque quando nos despedimos ela já tinha um sorriso na cara.
Cheguei a casa e não pude deixar de pensar o quanto mudámos. Sempre fomos muito alegres, grandes amantes da vida, fazíamos dela uma festa todos os dias.
Hoje em dia já não é bem assim. Nem do meu lado nem do dela. Ficámos mais carrancudas e mais pessimistas com o tempo.
Eu deixei de viver a vida e ela estragou a dela. Mas ainda não é tarde demais.
Hoje à noite vou lhe ligar para conversarmos de coisas sem o mínimo interesse e nem quero saber da conta do telefone. Pode ser que ainda vá a tempo e não deixe escapar de vez a criança que há em nós.
Pensamos que o mais importante é termos dinheiro para as nossas coisas e uns quantos amigos e talvez um namorado...
Não. O mais importante é acharmos a felicidade nas pequenas coisas. O mais importante é não deixar escapar a nossa criança. E sermos um pouco crianças para sempre.
Final feliz:
Liguei-lhe no outro dia e no dia a seguir e a seguir. Vou ajudá-la a criar as filhas que agora já vivem com ela. Porque apesar de não querermos que a nossa criança fuja, existem as verdadeiras crianças que ainda precisam de nós.
Ontem fomos passear as 4 e íamos aos pulinhos até ao jardim, nunca reparei no quanto é bom saltar.
E quem olhava para nós perguntava-se:
- A onde é que está a mãe daquelas 4 crianças?
E nós riamos e continuávamos a saltar.
Wednesday, August 12, 2009
Tenho um objectivo: escrever um texto optimista com um final feliz nas próximas semanas.
Vai ser difícil (o meu interior não é muito dado a finais felizes, apesar de já ter escrito textos que não são completamente pessimistas).
Para alguns dos meus seguidores isto também é um desafio.
Para esses, sintam-se desafiados. ^^
E agora passo ao texto de hoje:
Tom sentia-se bem.
Tinha concretizado o seu sonho, estava a "viajar" sozinho. E ainda por cima o sítio que teve como destino era indescritível.
Tom só tinha 13 anos mas o seu espírito aventureiro sempre o levava para longe.
Desta vez tinha ultrapassado as suas expectativas, tinha tido coragem de andar Kms sem a permissão dos pais, estava em pulgas.
Ele não conhecia o local onde tinha ido parar mas já o adorava.
A paisagem para as montanhas era espectacular. Tudo naquele lugar lhe parecia mágico.
Estava um belo dia de sol e não se via ninguém nas casas da redondeza. Tom achou que deviam ter ido todos para a praia visto que não ficava muito longe.
Preferia assim pois era como se toda a beleza daquele sítio fosse só dedicada a ele.
Tom olhou para o seu lado direito e viu um bosque com árvores cheias de pinhas que lhe fez lembrar o sítio onde costumava fazer piqueniques com os avós quando era mais novo.
Quando voltou a olhar para a paisagem ficou perplexo, já tinha anoitecido.
A lua cheia brilhava e iluminava as montanhas, as estrelas eram impossíveis de contar.
Tom ficou maravilhado com a beleza do céu. Sentou-se no chão, depois deitou-se e ficou ali.
Numa certa altura fechou os olhos por um momento, quando os voltou a abrir deu um salto como nunca tinha dado.
Tom encontrava-se na sua cama, no seu quarto, na sua casa.
Levantou-se e foi à janela. O céu estava preto, a lua não se via e as estrelas tinham desaparecido com ela.
- Como pode aquilo ter sido um sonho? - perguntava-se Tom. - Como? Se foi a viagem mais real que fiz até hoje. Se foram os momentos mais felizes. Se foram as paisagens mais espectaculares que eu já vi. Como? Se nunca me senti tão acordado...
Tom, desanimado, voltou para a sua cama...e adormeceu...e nunca mais voltou a acordar.
Monday, July 27, 2009
Divagando
"Acho que a vida de uma pessoa deve ser como um DVD. Podemos ver a versão que toda a gente vê, ou podemos escolher a versão editada pelo realizador - a forma como ele desejava que a víssemos, antes de tudo o resto se ter metido no caminho.
Provavelmente há menus, para podermos começar nas partes melhores sem ter de reviver as piores. Podemos quantificar a nossa vida através do número de cenas a que sobrevivemos, ou através dos minutos em que ficámos lá presos.
No entanto, a nossa vida provavelmente assemelha-se mais a um daqueles aborrecidos vídeos de vigilância. Pouco nítido, por muito que o observemos com atenção. E circular: a mesma coisa, vezes sem conta."
Wednesday, July 15, 2009
Meias-pessoas
Muitos de nós só se encontram nos outros, não se encontram em si próprios. Muitos de nós precisam dos “amigos” para sentirem que existem.
Quando estão sozinhos ficam deprimidos e não conseguem viver no sentido completo da palavra.
A solidão é vista como uma palavra negativa na nossa sociedade.
No entanto, se não for muito prolongada é bastante positiva. É nesse tempo que conseguimos pensar no que somos, é nesse tempo que podemos reflectir sobre os nossos actos, sobre o que dizemos e o que deixamos de dizer, sobre a nossa maneira de ser, sobre os nossos defeitos...
Fazem-me impressão as pessoas que precisam de outras para sentirem-se bem.
Aquelas que só se encontram nos outros. Aquelas que sozinhas não são nada. Fazem-me impressão porque não são pessoas são meias pessoas.
Infelizmente o mundo está cheio de meias pessoas.
Perdi-te a ti
Depois lembrei-me que costumávamos sair sempre juntos, sempre aos risinhos e cheios de vontade de enfrentar o dia.
Faltavas tu.
A tua presença fazia parte da minha rotina há meses. Habituei-me a ter-te por perto.
Demorei minutos a sair do prédio tal e qual o tempo que demorávamos por estarmos sempre a embirrar um com o outro.
Quando sai lá para fora os meus lábios secaram. Imaginei-te ali de mão dada com a minha a dizeres ao meu ouvido que ias sentir saudades minhas dali a 5 minutos.
Lembrei-me que nunca mais ia ouvir essas palavras, lembrei-me que nunca mais ia sentir o teu toque.
Uma lágrima caiu-me do olho e a seguir a essa outra e mais outra…
Parei de chorar quando vi o parque onde todos os dias á tarde sentávamos-nos a falar.
Tudo o que tu alguma vez me disseste passou pela minha cabeça.
Até que uma frase se destacou:
-“Não fiques triste porque acabou fica feliz porque aconteceu.”- Tinhas me dito tu num dia em que eu estava triste já nem sei bem porquê.
A partir daí não chorei mais. E sempre que me lembrava de ti sorria.
Sei que era isso que querias, sei que isso tinha te feito feliz…
Mas a verdade é que durante a noite encharco a minha almofada de lágrimas.
Então, só durante a noite, choro por tudo o que eu perdi.
Metade de mim. Perdi-te a ti.
Wednesday, June 24, 2009
O meu ursinho
O Mundo não é apenas o que vemos.
É principalmente o que sentimos.
A sociedade faz-nos acreditar que só importa a aparência quando há muito para além disso.
Gostava de ser cega e ser guiada apenas pela voz, pelo tacto, pelo nosso sexto sentido.
Gostava de puder dizer que as boas pessoas são sempre lindas e maravilhosas e acreditar verdadeiramente no que digo.
Gostava que ninguém fosse julgado pelo seu exterior.
Tantas vezes perdemos a oportunidade de conhecer pessoas divertidas e únicas.
Gostava realmente de ser cega em relação ás pessoas...
Mas não sou...
E isso modifica tudo o que acredito.
A verdade é que a aparência é uma parte importante e nunca conseguiremos mudar isso.
Por mais que nos custe.
Por mais que custe aos outros.
A primeira impressão irá ser sempre feita a partir do que vemos.
Apenas podemos esperar que as pessoas não se fiquem por essa impressão. E que consigam ver para além disso. Ou que pelo menos tentem.
Wednesday, June 10, 2009
Um sentimento sem nome
Conheço uma mulher chamada Sandra que trabalha comigo já algum tempo mas mesmo assim, de vez em quando, não a consigo perceber.
Ela é diferente de todas as pessoas que conheço. Sente as coisas de uma maneira diferente, vive para ela quase exclusivamente.
Tem um bom coração mas vive muito no seu mundo. Raramente se apercebe do mundo exterior.
É uma pessoa espectacular quando conhecida a pormenor.
Pelo menos foi o que a Manuela disse, que é a única pessoa que a conhece mesmo bem, são amigas quase desde que nasceram.
Na verdade, admiro-a. Essa tal Sandra tem uma personalidade muito própria, não sendo realmente complexa mas não se dando a conhecer. O que é realmente engraçado.
Pode-se estar a conversar horas com ela, mesmo assim ficas a saber o mesmo sobre ela que sabias no início da conversa. Apenas sabendo pequenas coisas sobre a sua vida que não dizem grande coisa sobre uma pessoa.
Bem isto tudo para contar a relação que ela tem com um homem que trabalha no segundo andar lá dos escritórios.
Toda a gente diz que eles são marido e mulher porém, nunca os vi darem beijos, nem trocarem chaves de casa, nem nunca os vi discutir. E isso é o que os casais normais fazem.
Saem todos os dias juntos cá do trabalho e estão se sempre a rir quando estão um com o outro e algumas vezes estão ao pé um do outro na cantina e passam o tempo todo sem falar, não deixando os sorrisos de lado.
Como se tivessem uma relação de cumplicidade para além dos toques, dos beijos, de tudo.
O que não se compreende.
O que me espanta são os olhares, os olhares que fazem um ao outro. São cheios de brilho, cheios de significados.
No outro dia tentei perguntar-lhe afinal o que sentia por ele, que relação é que tinha com aquele misterioso homem, que era tão misterioso quanto ela.
E ela apenas sorriu para mim e disse:
- Nem eu sei explicar. Mas na verdade não penso muito nisso.
Fiquei algum tempo a olhar para ela, a pensar.
Fiquei sem perceber, como alguém vivia assim. Sem saber o que sentia por uma pessoa com quem convivia constantemente.
Mas se calhar ela sabe, se calhar ele também. Apenas não têm um nome para dar ao sentimento deles. Apenas criaram um sentimento novo.
E isso eu consigo compreender.
E por isso eu admiro-a. E por isso quase que a invejo.
E por isso sempre que os vejo juntos também sorrio.
Monday, June 8, 2009
Viajando pela vida
Wednesday, May 20, 2009
Não gostamos de que nos digam o que devemos fazer
"Não gostamos de que nos digam o que devemos fazer. Preferimos que os outros se metam apenas na sua vida e que não nos dêem conselhos. Vamos pelo nosso caminho, muito direitos e com o nariz no ar, respirando os ventos de uma liberdade que nos livrou de séculos de pó e bafio, que libertou de rótulos e grilhetas os nossos actos, tornando-os bons pelo simples facto de serem nossos.
A moral, que indicava regras de comportamento, passou de moda. Os amigos - por serem agora pessoas a quem não admitimos intromissões no sentido que damos aos nossos passos - passaram a ser apenas aqueles que circunstancialmente nos acompanham na paródia: paisagem fugidia de uma viagem alucinante.
Passámos, quase todos, a viver em cidades enormes, onde se tornou muito fácil proteger a nossa liberdade de olhares alheios. Ninguém nos conhece, ninguém tem tempo para se desviar por nossa causa, todos andam igualmente ocupados com o seu direito à liberdade.
(...)
Não gostamos de que nos digam o que devemos fazer... a não ser que estejamos perdidos, ou desorientados, e queiramos muito chegar a um certo lugar. Agradecemos que alguém tenha colocado na estrada uma placa que indique o caminho a seguir até onde queremos chegar.A moral servia para isso. As pessoas perguntavam: "Que devo fazer nesta situação?; Será bom fazer isto que agora me apetece?". Perguntavam como quem pergunta o caminho para certo lugar. Queriam ser felizes.
E eram livres, sim. Homem livre é aquele que quer ir a um lugar e procura o caminho, e vai mesmo que encontre obstáculos e dificuldades.
A tristeza é um sinal evidente de que andamos perdidos. Não a tristeza passageira que, sem o podermos evitar, nos enche os olhos de lágrimas, mas a outra: a desilusão crónica, o descontentamento permanente; a falta de sentido profundo para os êxitos e para os fracassos, para as dores e para o bem-estar, para as coisas pequenas e para as grandes.
Costumas ver - pela rua, em casa, no trabalho - muitas pessoas a transbordar felicidade?
Qualquer que tenha sido o trajecto percorrido, chegámos a um estado no qual se pretendeu desvincular a felicidade do comportamento. A felicidade foi associada, em vez disso, a ter coisas, a ter comodidade, a ter prazer. O que se conseguiu com isso foi esta multidão feita de pessoas tristes, apesar do altivo aspecto exterior. E uma vida superficialmente mais fácil, mas dolorosamente amarga no interior do coração: tantos suicídios, tanta droga, tanta necessidade de barulho e de agitação, tantas pessoas incapazes de estarem a sós consigo mesmas...
Ainda dizemos aos nossos filhos "Não faças isso", mas já o dizemos sem convicção, visto não admitirmos que alguém nos diga isso a nós. Cada vez mais o dizemos apenas para evitar que façam coisas que nos incomodem, e não para que venham a ser felizes..."
(Paulo Geraldo)
Só porque me apetece. xD
- Olha uma estrela!
- A onde?
- Ali papá!
- Mas eu não estou a ver nada.
- Está mesmo ali, ao pé daquele gato voador. Não estás a ver?
- Não!
- Não tens mesmo imaginação nenhuma! -.-
xD xD xD
Friday, May 15, 2009
Sinais
O meu lado sentimental falou mais alto e aqui está o resultado:
Friday, May 8, 2009
A flor e o vento
Palavras aprisionadas
Saturday, May 2, 2009
A família portuguesa - Parte Final
O pior é que é toda a nossa sociedade que é assim, sem coragem, sem força de vontade, sem pensamento próprio, sem compreensão pelos outros, sem autenticidade…E podia continuar infinitamente.
Sermos nós próprios dentro desta sociedade que nos torna cada vez mais fracos e cada vez mais igual a todos os outros é travar uma grande batalha.
A qual muitos perdem e nem dão pela sua derrota.
Solidão. É o que sinto.
Sou sim uma pessoa solitária, porém, ao contrário do que dizem, não é por gostar de estar sozinha mas porque tentei misturar-me na nossa sociedade e de todas essas vezes as pessoas desapontaram-me.
Sou diferente, sou estranha, sou fora do normal, sou esquisita.
Eu sou eu, vou para onde quero e não para onde os outros me dizem para ir e luto pelo que quero, sempre.
Tenho as minhas ideias mas sei ouvir as dos outros e não me importo de mudá-las se vir que estavam erradas.
Admito os meus erros porque ninguém é perfeito, sei que tenho defeitos e tento mudá-los.
E se digo que faço uma coisa faço mesmo, pois a minha palavra é igual a mim, verdadeira.
Eu sou assim porque quero, porque acho ser o melhor. Talvez tenha tido algumas influências externas mas principalmente porque a minha vontade é ser assim.
E isso muda tudo.
Fim
Irmãos pequenos do vento
Fazíamos coisas disparatadas sem que alguém nos protegesse. Saíamos em grupo para tomar banho no velho açude, mesmo sem antes termos aprendido a nadar correctamente. Partíamos de bicicleta, sem capacete, para tão longe quanto aguentassem as forças ou a fome. Íamos sem destino. Entrávamos em cavernas e perdíamo-nos lá dentro. Trepávamos muros altos para entrarmos em casas abandonadas, onde estabelecíamos o nosso refúgio. Fazíamos explorações, rasgávamo-nos, sujávamo-nos.
Íamos a pé para a escola, mesmo quando estava a chover, mesmo quando ficava longe.
E lutávamos uns com os outros. Esmurrávamo-nos. Partíamos, por vezes, ossos e dentes. Organizávamos, na mata do castelo, grandes combates, nos quais utilizávamos espadas de madeira que tínhamos construído. Sabíamos bem - por experiência própria, e não apenas porque nos tivessem dito - que uma ferida profunda doía e demorava algum tempo a cicatrizar. Viver, para nós, não podia ser sem correr riscos. Ou éramos de todo inconscientes ou pensávamos que um anjo cuidava de nós.
Não havia um animador que viesse ensinar-nos modos correctos de brincar. Nem organizações que fabricassem para nós formas de ocupação dos tempos livres. Não tínhamos tempos livres. Não sei, aliás, como pudemos sobreviver a tanta actividade.
Não parávamos. Tínhamos apetite: comíamos como cavalos e não ficávamos obesos. O Sol alojava-se em nós e fazia-se cor e saúde.
Inventávamos as nossas brincadeiras e nunca precisámos de comprar jogos caros. Usávamos paus, pedras, velhos pneus, uma corda... Não tivemos jogos electrónicos, 99 canais a cabo, filmes em vídeo, telemóveis, computadores ou Internet.
Tivemos amigos.
Passávamos horas e horas a brincar lá fora com eles. Como não havia os telemóveis, muitas vezes ninguém sabia exactamente onde estávamos. Resolvíamos os nossos problemas. Lidávamos sozinhos com um pneu furado na bicicleta, com um dia de tempestade, com um objecto perdido. Descobríamos a maneira de arranjar uma bola de futebol, de apanhar um grilo, de fazer uma fogueira. Aprendíamos a lidar com cada um dos nossos companheiros, com as nossas capacidades, com as circunstâncias mais variadas.
Crescíamos.
Nem em casa sossegávamos muito, porque tínhamos irmãos.
Os nossos pais ainda não conheciam as novas regras sobre o trabalho infantil. Mas também conseguimos sobreviver ao facto de termos de fazer a cama, cozinhar algumas das nossas refeições, ajudar a pintar a casa, preparar a roupa para vestir no dia seguinte, varrer a sala, lavar a louça.
Fazíamos loucuras. Brincávamos com cães não vacinados, bebíamos todos pela mesma garrafa, secávamos a roupa no corpo. Dávamo-nos com gente pouco recomendável. Pedíamos boleias. Entrávamos em acampamentos de ciganos e tínhamos lá amigos. Aprendíamos coisas com eles.
Mil vezes podíamos ter morrido, mil vezes podíamos ter sido assaltados, mil vezes podíamos ter adoecido gravemente. Mas sempre que superávamos uma dificuldade tornávamo-nos mais fortes, mais capazes de enfrentar o que viesse. Servíamo-nos dos nossos adversários para crescer. A dor tornava-nos resistentes à dor; a necessidade de nos esforçarmos aumentava a nossa força; uma derrota levava a que nos conhecêssemos melhor.
Sobrevivemos. Éramos os irmãos pequenos do vento. Gostávamos de sentir a chuva a escorrer do cabelo para a face."
Paulo Geraldo
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About Me
- Ana Rita
- "...o meu coração é uma floresta cheia de nevoeiro - guarda tudo e não encontra nada. Sou uma recordadora profissional. Vivo de recordações, mesmo daquilo que ainda não fiz.E repito infinitamente os mesmos truques. Iludo-me. Penso sempre que amanhã é que vai ser. Desenvolvi um erotismo futurista: deleito me com o puro prazer dos meus sonhos.De certa maneira, já vivi tudo, porque em sonhos consigo projectar-me inteira nos corpos, nos sentimentos e nas experiências dos outros. Tenho uma capacidade estereofónica; posso ter ao mesmo tempo cem e dezoito anos. O que é um cansaço..." IP