Monday, June 8, 2009

Viajando pela vida


Já estava atrasada para o Check-in.
No aeroporto, por entre a multidão de pessoas, tentava passar.
Havia tantos corredores...
Porém, ela sabia bem para onde tinha de ir, já tinha feito aquele percurso milhares de vezes.
Chegou ao Check-in e finalmente conseguiu respirar.
As viagens eram um pesadelo para ela, no entanto não as deixava de fazer.
Considerava-as um mal necessário.
De vez em quando fazia-lhe bem sentir-se livre e enfrentar os seus medos era algo importante. - dizia ela.
Agora podia descansar um pouco, então sentou-se ao pé da janela numa das 1500 cadeiras que o aeroporto tinha.
Olhou para o céu e lembrou-se que se tinha esquecido da escova de dentes, suspirou e sussurrou:
-Tenho sempre de me esquecer de alguma coisa.
Depois viu as horas e desejou que o tempo parasse para poder ir buscar a escova a casa e voltar.
-É só uma escova de dentes. -Pensou ela de seguida.

Uma senhora com uma voz irritante chamou pelo voo dela, última chamada.
Ela ouviu a senhora e teve vontade de lhe dar um tiro.
Caminhou para a sua "gate" e quando estava quase a chegar olhou para trás.
Sentiu-se pressionada por algo maior, como se não fosse realmente aquilo que estava destinado para ela.
Olhou outra vez para a frente e mais uma vez suspirou.
Não sabia que fazer. Não sabia o que queria. Queria ir, mas para onde? Onde talvez não fosse a pergunta certa, mas porquê?
Qual seria o verdadeiro porquê de viajar todos os meses tendo pesadelos de todas essas vezes?
Liberdade? Treta! E ela sabia-o.

Ao último segundo entrou no avião pedindo desculpas pela demora.
Sentou-se no lugar e fechou os olhos, apetecia-lhe dormir.
Sabia que a viagem ia ser longa portanto não pensou duas vezes, adormeceu.
E sonhou, sonhou que tinha ficado por terra.
Sonhou que um homem tinha metido conversa com ela.
Sonhou que se tinha apaixonado por ele na primeira conversa.
Sonhou que era feliz.
Acordou sobressaltada com tanta felicidade, desejando logo de seguida voltar àquele sonho.
E ficou triste por saber que era praticamente impossível isso acontecer.
De repente a pressão da altura começou a atacar, dando-lhe fortes dores de cabeça.
E para fugir disso, ela não fez nada.
Deixou as dores percorrerem-lhe todos os pedaços da sua cabeça, da sua mente...
Deixou que lhe atacassem o espírito.
Ela simplesmente não queria saber.

Um bebé desatou a chorar...
Ela olhou pela janela e só viu mar.
-Porquê é que o avião está a descer tanto?!- Pensou ela.
O piloto disse para se preparem para a aterragem porém, não havia terra debaixo deles.
Ela achou estranho, toda a gente achou estranho.
Mal ela sabia que ia ser no dia seguinte que o seu sonho ia se tornar realidade.
Mal ela sabia que esse dia nunca ia chegar.



3 comments:

Methos, "o Parvo" said...

Adorei. Não sei como te consegues concentrar para escrever em transportes públicos e ainda saír um texto destes... Congratz!

Nem sempre os sonhos são irrealizáveis... Só espero que consigas realizar os teus (=

rakel said...

wow ganda historia.. mt bem.. alguem anda mt inspirado.. =O

mt bem mesmo.. estas a escrever cenas mesmo boas =O

Ana Rita said...

Obrigada ^^ O vosso apoio conta imenso. Muito obrigada.

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"...o meu coração é uma floresta cheia de nevoeiro - guarda tudo e não encontra nada. Sou uma recordadora profissional. Vivo de recordações, mesmo daquilo que ainda não fiz.E repito infinitamente os mesmos truques. Iludo-me. Penso sempre que amanhã é que vai ser. Desenvolvi um erotismo futurista: deleito me com o puro prazer dos meus sonhos.De certa maneira, já vivi tudo, porque em sonhos consigo projectar-me inteira nos corpos, nos sentimentos e nas experiências dos outros. Tenho uma capacidade estereofónica; posso ter ao mesmo tempo cem e dezoito anos. O que é um cansaço..." IP