Thursday, April 30, 2009

A família portuguesa - Parte 3

Tó Zé (pai)

Ontem estava muito feliz. O Porto ganhou ao Benfica e andei à porrada lá com uns benfiquistas no final do jogo.
Estavam mesmo a merecê-las!
Ainda fui beber umas cervejas com uns amigos, depois disso vim para casa e a Maria deu-me o jantar.
Quando as miúdas foram para os quartos a coisa aqueceu e foi mesmo ali na cozinha. Ah pois é, na cozinha.
É verdade que prefiro a Catarina, a mulher do Tomás, mas ontem a Maria teve que servir.
O pior é que hoje já tive que ir trabalhar e como estava muito cansado de ontem, cheguei atrasado ao trabalho e fui despedido.
Também, que falta de simpatia (acho que havia uma palavra melhor mas não me lembro dela), só cheguei atrasado para aí umas três vezes este mês, melhorei muito do mês passado e já me foram despedir.
Porca da vida!

O nosso fim


O fim será desastroso, não era para ser assim.
Pensávamos que conseguíamos inverter a situação. Estávamos enganados.


“Voltando atrás no tempo, ao tempo onde tudo começou, tudo não, só o começo da nossa suposta evolução.
Começou tudo com os macacos, aquelas belas criaturas…
Depois de muitos anos descobrimos algo que veio mudar tudo.
Língua. Dialecto. Linguagem. A comunicação.
Muitos diriam que foi uma das coisas que nos conduziu à verdadeira evolução.
A evolução… Estou neste momento a esboçar um sorriso trocista.


Era tudo o que os seres como eu queriam, evoluir.
Sei que no início não foi propositado. Apenas evoluímos sem nos aperceber de tal facto.
Mas também nunca nos apercebemos que o melhor era o presente e não o futuro.
No início de tudo, o viver, o estar vivo, a vida era qualquer coisa como um milagre!
Depois deixou de o ser, tornou-se algo banal.
Tornou-se uma certeza para muitos de nós e isso muda tudo.
A vida era o nosso todo, mas era nada comparando com tudo o que existe, existiu, existirá.
Nós queríamos mudar isso.
Quisemos deixar uma marca da nossa existência em todo o lado em que passávamos.
Quisemos ser superiores a tudo o que existiu.
Controlar tudo, ser tudo, fazer tudo, perceber tudo.
E ao longo do tempo, deixámos verdadeiramente de viver.
Deixámos de lado esse pequeno grande milagre.
Como disse Henry David Thoreau na década de 19: Not till we are lost, in other words not till we have lost the world, do we begin to find ourselves.

E hoje percebemos isso com clareza, mas que importa termos nos encontrado se perdemos tudo o que nos rodeava, tudo o que sempre conhecemos?
Esperamos todos os dias pelo fim, porque não aguentamos mais.
A Terra deixou de existir há uns tempos, desapareceu do mapa da galáxia.
Ninguém sabe o que lhe aconteceu, ou melhor nem queremos saber.
Ainda nos custa pensar em tudo o que deixámos para trás.
Hoje estamos aqui nestas casas intergalácticas, que até temos vergonha de chamar de casas, prontos a morrer definitivamente.
Já ninguém quer estar vivo, dizem que é doloroso demais.
Não temos medo nem esperança, deixámos de acreditar.
A humanidade desapareceu.


Mas podemos considerar-nos sortudos, deixámos muitas marcas, (satélites, naves, lixo espacial) que não desaparecerão facilmente. Ironia, ainda a sei utilizar.
A inteligência e a evolução foi o que nos levou até tão longe e foi, simultaneamente, o que acabou connosco e com o nosso mundo.
No fundo, só tenho pena de uma coisa, de termos arrastado connosco o planeta Terra e todas as maravilhas que lá se encontravam
.”

Diário de uma criança com um QI de 100, 2531 anos depois de um suposto Cristo.

Tuesday, April 21, 2009

A família portuguesa - Parte 2


Patrícia

Não percebo a minha irmã.
Já a convidei montes de vezes para sair à noite comigo e com os meus amigos e ela diz sempre quem tem coisas melhores para fazer.
Como é que é possível?!
Não há coisa melhor que uma saída è noite!
Com muitos shot´s, alguns cigarros e de vez em quando um bocadinho de “coca” para acabar a “night” em grande.
A Susana está sempre a pôr defeitos em tudo o que faço, não sei o que é que ela quer de mim.
Eu sou simplesmente igual a toda a gente da minha idade.
Ela é que é estranha, fora do normal, esquisita.
Alguns dos meus amigos que a conhecem dizem que ela não sabe viver a vida e eu concordo com eles.
No outro dia estávamos todos a jantar e ela começou a falar sobre o futuro, que coisa tão chata, ela não sabe ter conversas de jeito.
Não sabe falar sobre moda, raramente fala sobre rapazes e quando fala é para criticá-los e não sabe se quer o que é um shot!
Não a percebo.
Não tem amigos e parece nem se importar com isso.
Quem é que sobrevive sem amigos?!
Bem ela diz quem tem um ou dois. UM ou DOIS! Que horror!
Imaginando que um está doente e o outro ocupado com alguma coisa, com quem é que ela vai falar se tiver acabado com o namorado?
Ah espera, ela não tem namorado.
Também qual o rapaz que vai olhar para ela?!
Ela está sempre a criticar tudo e todos e nunca faz nada realmente divertido!
E pior, ela não se maquilha!
Quando eu lhe perguntei porque é que o não fazia ela deu-me uma resposta tão parva, respondeu que a aparência não era tudo.
Pois não, não é tudo mas é quase tudo!
- Sem maquilhagem não sei como queres conhecer rapazes. – Disse-lhe eu.
- Se não gostarem de mim pelo que eu realmente sou, também não me interessam. – Respondeu ela.
Por uns instantes fiquei a pensar no que ela disse mas logo a seguir uma amiga ligou-me para me convidar para ir ás compras.
Eu aceitei como é claro, saí de casa e nunca mais pensei no assunto.

Tudo o que ouço e cheiro é belo,
Sinto uma sintonia com a vida,
Uma paz interior,
Tenho vontade de fechar os olhos e deixar-me ir,
E voar, voar bem alto,
Parar tudo e fugir, fugir para longe,
E viver, apenas viver,
Sem obrigações, sem limites...


O mundo espera-me,
E eu quero encontrar-me com ele,
Mas voltarei, prometo,
Já não sei viver sem isto,
Sem esta complexidade,
Por isso, prometo que voltarei,
Voltarei, para pelo menos, tentar cumprir tudo o que me dispôs a realizar
.

E para começar a acreditar que um dia,
esta complexidade será bela,
como tudo o que ouço e cheiro,
E ao mesmo tempo simples,
como sentir o vento na cara
e ouvir os pássaros a cantar
e sentir o sol na pele.


O que mais quero é que a complexidade e a simplicidade se unam,
e façam-me sentir feliz.

Um dia, prometo que voltarei.
Quando me sentir preparada para viver tudo isto.

A família portuguesa - Parte 1


Susana

Solidão. É o que sinto.
Ontem a minha irmã disse-me que devia sair mais. Mas para que?
Para chegar a casa bêbada e sem ter a mínima ideia do que fiz ou com quem tive, como ela o faz tantas vezes?!
Ela é tão diferente de mim…
Na verdade, é o meu oposto. Eu gosto de estar sozinha (pelo menos é o que eu digo para mim mesma), ela detesta, eu tenho poucos amigos, ela tem tantos que nem sabe o nome de todos (para ela toda a gente é sua amiga).
Somos totalmente diferentes.
A Patrícia quer ser igual aos amigos para que eles gostem dela, não tem personalidade própria e nem se quer se apercebe disso!
E só se preocupa em divertir-se, mais nada.
Apesar de eu ser a mais nova parece que sou a mais velha por estar sempre a dizer-lhe que tem que começar a pensar um pouco mais pela sua cabeça e principalmente que tem de começar a ter alguma responsabilidade. Ela já tem 16 anos mas mais parece ter 10 aninhos.
E ainda por cima não me dá ouvidos e eu sinto-me cada vez mais longe dela.
Assim como de quase todos os adolescentes que cada vez são menos eles próprios só para se encaixarem no “grupo”

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"...o meu coração é uma floresta cheia de nevoeiro - guarda tudo e não encontra nada. Sou uma recordadora profissional. Vivo de recordações, mesmo daquilo que ainda não fiz.E repito infinitamente os mesmos truques. Iludo-me. Penso sempre que amanhã é que vai ser. Desenvolvi um erotismo futurista: deleito me com o puro prazer dos meus sonhos.De certa maneira, já vivi tudo, porque em sonhos consigo projectar-me inteira nos corpos, nos sentimentos e nas experiências dos outros. Tenho uma capacidade estereofónica; posso ter ao mesmo tempo cem e dezoito anos. O que é um cansaço..." IP