Monday, October 19, 2009

Não fugirei


Entrei no autocarro, olhei para trás e acenei para o fantasma. Ninguém tinha vindo despedir-se de mim…Claro ninguém sabia que me ia embora.

Sorri para o motorista, como se fosse feliz e tivesse alegria para partilhar, e fui-me sentar.

Sentei-me e respirei fundo, ia para Espanha, para Madrid. Nunca gostei de Espanha e na verdade continuo-o a não gostar. Estou a ir para lá porque…sou parva!

Ultimamente é a única parte de mim que ainda está activa.

É bom ser só parva e não ser mais nada.

Devia isso a mim própria, precisava de um descanso da consciência, do pensamento.

Como se fugir fosse a melhor opção…



Estava eu a duvidar das minhas decisões quando um rapaz perguntou se podia sentar-se ao meu lado. Eu olhei para ele e tirei a mala do outro banco sem pronunciar uma palavra.

Quando desviei a cara ele perguntou-me se estava tudo bem, ao que eu respondi que sim acenando apenas com a cabeça e sem olhar para ele.

O rapaz tocou no meu ombro e com uma voz com um timbre extremamente carinhoso disse-me:

- Eu sou o Leonel e adorava conhecer-te, será que me dás esse prazer?

Eu olhei para ele e, já com alguma sinceridade, sorri. E desabafei:

- Eu sou a Susana e realmente já estive melhor.



Toda a viagem foi passada a falar com aquele rapaz que apareceu inesperadamente na minha vida. Era boa pessoa e fez-me ver que estava a reagir mal fugindo.

Mal cheguei a Madrid agradeci-lhe as suas palavras e apanhei o primeiro autocarro de volta ao Porto. E voltei, voltei à confusão a que tinha fugido, a que não queria ter que enfrentar, à qual achava que não tinha capacidade para lidar.

Mudei de opinião, fugir não é a solução por mais que por vezes pareça a nossa única salvação.

Fugimos porque temos medo, receio, falta de coragem… Fugimos porque somos cobardes!

Quero lá eu ser assim.



Voltei. E agora vais me ter de ouvir. Estou farta de fugir.

4 comments:

Anonymous said...

Quotation of the Day
I am convinced the only people worthy of consideration in this world are the unusual ones. For the common folks are like the leaves of a tree, and live and die unnoticed. – L. Frank Baum (1856-1919)

Ana Rita said...

Obrigado à pessoa anónima que sublinhou esta brilhante frase, a qual por acaso não tinha lido. Obrigada ^^

FF said...

podes sempre fugir mas de uma maneira o de outra nunca consegues escapar.
tens que sempre que enfrentar os problemas de frente, (tal como os bois) xD esta aqui foi bem estúpida xD

Ganda melga said...

Ora muito bem dito. Melhor tese não poderias ter apresentado. De facto muitas vezes o "fugir" é o mais fácil, mas tu não és assim, temos de nos mentalizar que não podemos ser assim. Há que enfrentar o problema com um certo gozo, com piada, com alegria e talvez um pouco de determinação. Mas obviamente que pessoalmente, jamais, JAMAIS, trocaria o grande Porto por Madrid (então se fosse em jogo da Champions, uiii! :b) xD
beijos*

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"...o meu coração é uma floresta cheia de nevoeiro - guarda tudo e não encontra nada. Sou uma recordadora profissional. Vivo de recordações, mesmo daquilo que ainda não fiz.E repito infinitamente os mesmos truques. Iludo-me. Penso sempre que amanhã é que vai ser. Desenvolvi um erotismo futurista: deleito me com o puro prazer dos meus sonhos.De certa maneira, já vivi tudo, porque em sonhos consigo projectar-me inteira nos corpos, nos sentimentos e nas experiências dos outros. Tenho uma capacidade estereofónica; posso ter ao mesmo tempo cem e dezoito anos. O que é um cansaço..." IP