Wednesday, December 28, 2011

Cereja estragada

   Tinha sido uma semana de merda, daquelas que te moem a cabeça e destroem parte do teu espírito e depois, no final da dita cuja, só me faltava ser Natal como uma cereja estragada no topo do bolo. 
   Tinha uma família incrivelmente difícil de se aturar, os velhos estavam caquécticos, os da minha idade eram irritantes e banais e os mais novos eram mimados e insuportáveis. O Natal era daquelas épocas em que fazíamos tudo para não falar muito de modo a não haver discussões. No entanto depois de uma semana de merda não se podia pedir muito. Eu já estava pelos cabelos com tudo, foi uma questão de minutos até a minha paciência chegar ao seu limite: 
- Chega! Eu já não tenho paciência para isto, desejo muitas felicidades a vocês todos mas quero-vos fora de minha casa! As vossas casas também têm espaço suficiente para se reunirem todos, portanto a partir de hoje não contem com esta casa. - E abri a porta de saída para que eles percebessem que estava a falar bem a sério. Ficaram todos de boca aberta, mas foram saindo um a um enquanto resmungavam comigo e uns com os outros - Se isto era coisa que se fizesse no Natal. És uma pessoa insensível e cruel. - Diziam-me eles, e eu respondia-lhes simplesmente - Tenham uma Boa noite.
   O meu marido e as minhas filhas apoiaram-me a 100% visto que também nunca tinham gostado da minha família. Só quando fechei a porta à última pessoa é que pude respirar. 
O Natal devia ser para passar com quem mais gostamos e não com aqueles que, por acaso, têm o mesmo sangue que nós.
Família somos nós que a construímos. O que vem para trás é só história, que pode ou não ser relevante para a nossa vida.A mim só me importa a família que construí, e por isso para o ano vamos ter um Natal maravilhoso só nós os 4 e se calhar convindo os irmãos do Vasco que nunca passaram connosco o Natal e são pessoas excepcionais.

Friday, December 23, 2011

A beleza é subjectiva

   Conheço pessoas que se sentem inferiores nesta sociedade por se acharem menos belas que as restantes e eu pergunto: o que é a beleza? 
   Tenho a certeza que teria mil respostas diferentes se perguntasse a mil pessoas diferentes porque...Guess what? A beleza tem diferentes sentidos, formas e cores, depende tudo de quem a sente, vê e ouve. Sim porque a beleza não é feita só do que se vê.
   Não digas que és feia/o só porque pesas mais que as pessoas magricelas! Se calhar tu é que estás bem! Não digas que és muito alto/a e que isso não é esteticamente bonito, a altura pode ser um grande ponto a teu favor! Tens cabelo preto? E depois? Usas óculos? E daí? Tens uma perna mais curta que a outra? E? Chega ao pé das pessoas e conta uma piada, esboça um sorriso, começa uma conversa sobre um tema que seja relevante para o outro e verás que serás tratado/a como a pessoa mais linda à face da Terra. E se não fores? É porque nem todos neste mundo conseguem ver a tua beleza. 
   O que conta, acredita, é o coração. E um truquezito que se chama atitude. O resto hás-de saber lidar com o tempo. 
   A verdade, verdadinha, é que mesmo que não acredites a beleza também se pode ir adquirindo. Mas primeiro tens de dar valor a ti próprio/a, porque mais do que tudo é importante a maneira como tu te vês! O resto é maquilhagem e uma roupita engraçada, e isso são os detalhes que se vão adquirindo se assim o quiseres.

                                                              A beleza é subjectiva. Ponto.

Saturday, December 3, 2011

Somos nada

Vejo tudo à minha volta e acredito que antes era tudo diferente, consigo ver a diferença entre o passado, o presente e o futuro, mesmo que o futuro pareça tão longe e intocável. Lembro-me do que era e do que deixou de ser, recordo tudo sem mágoa. Era só diferente, não melhor nem pior diferente... Fio-me nisso e fixo-me nisso, e espero que seja isso que me leve até ao fim tão esperado deste caminho escorregadio e matreiro. Perguntam-me e perguntaram-me qual era a minha finalidade nesta vida, os meus sonhos portanto. E eu respondi e respondo sem mistérios que não sei e que não me importo de não saber. E todos têm pena de mim, considerando que sou um ser sem conteúdo e que caminho à deriva sem saber o que sou, de onde vim e para onde vou. Rio-me da ignorância deles para com a minha essência da qual eles não sabem nada e nunca nada saberão. Porém, esta falta de conhecimento pela minha pessoa deve-se apenas à falta de interesse em aprofundar a mesma. Todos querem chegar ao fundo pisando apenas a superfície, ninguém quer arriscar nem dar um tiro no escuro, muito arriscado dizem eles. Como se a vida não fosse toda ela um grande risco. Quando digo eu que não sei não quero dizer que nunca pensei nisso ou que sou uma besta ignorante e desinteressante que nem sonhos tem. Quero apenas dizer que sonhar é para quem pode e não para quem quer, pois há quem queira e não consiga com tudo o que a vida já lhe provocou de mal. Há quem não consiga chegar até ao perdão, à paz, e ao equilíbrio que é preciso para se sonhar. Há quem não tenha essa sorte. Por isso mesmo não me venham com olhares de desprezo para cima de mim, de mim que nem se quer conhecem e a quem ignoram após uma simples pergunta. E digo mais, todos mentem, todo nós, numa ou noutra ocasião da vida, todos. Não posso eu esconder a minha verdade? Não posso eu ser mais um mísero ser igual a todos os outros? Posso. Claro que posso. Eu partilho aquilo que bem entender. Sejam vocês o que quiserem para mim, eu serei o que quiser também. E os meus sonhos, que são muitos e complexos, nem às paredes contarei, sabendo que neste mundo existem poucos conhecedores da essência da vida e muitos ratos com a mania que são gatos ou cães. Fixo-me portanto no decorrer do tempo, da suposta evolução, e rio-me porque só é sábio quem se ri da desgraça e consegue viver com ela. É sábio pois sabe que a desgraça é um dado adquirido e não algo que podemos escolher. A vida é assim meus caros, os sonhos existem para podermos fingir que é melhor que isto. Mas não, o presente pode ser melhor, o passado e o futuro serão sempre diferentes. Quer queiramos quer não. Não somos nada. Porque somos muitos. É isso que quase ninguém percebe. Que quantos mais somos mais nada nos tornamos. 
Um grande nada rechonchudo e feio.


Inspirei-me um pouco na complexidade e profundidade da escrita de Bernardo Soares.

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"...o meu coração é uma floresta cheia de nevoeiro - guarda tudo e não encontra nada. Sou uma recordadora profissional. Vivo de recordações, mesmo daquilo que ainda não fiz.E repito infinitamente os mesmos truques. Iludo-me. Penso sempre que amanhã é que vai ser. Desenvolvi um erotismo futurista: deleito me com o puro prazer dos meus sonhos.De certa maneira, já vivi tudo, porque em sonhos consigo projectar-me inteira nos corpos, nos sentimentos e nas experiências dos outros. Tenho uma capacidade estereofónica; posso ter ao mesmo tempo cem e dezoito anos. O que é um cansaço..." IP