Wednesday, December 28, 2011

Cereja estragada

   Tinha sido uma semana de merda, daquelas que te moem a cabeça e destroem parte do teu espírito e depois, no final da dita cuja, só me faltava ser Natal como uma cereja estragada no topo do bolo. 
   Tinha uma família incrivelmente difícil de se aturar, os velhos estavam caquécticos, os da minha idade eram irritantes e banais e os mais novos eram mimados e insuportáveis. O Natal era daquelas épocas em que fazíamos tudo para não falar muito de modo a não haver discussões. No entanto depois de uma semana de merda não se podia pedir muito. Eu já estava pelos cabelos com tudo, foi uma questão de minutos até a minha paciência chegar ao seu limite: 
- Chega! Eu já não tenho paciência para isto, desejo muitas felicidades a vocês todos mas quero-vos fora de minha casa! As vossas casas também têm espaço suficiente para se reunirem todos, portanto a partir de hoje não contem com esta casa. - E abri a porta de saída para que eles percebessem que estava a falar bem a sério. Ficaram todos de boca aberta, mas foram saindo um a um enquanto resmungavam comigo e uns com os outros - Se isto era coisa que se fizesse no Natal. És uma pessoa insensível e cruel. - Diziam-me eles, e eu respondia-lhes simplesmente - Tenham uma Boa noite.
   O meu marido e as minhas filhas apoiaram-me a 100% visto que também nunca tinham gostado da minha família. Só quando fechei a porta à última pessoa é que pude respirar. 
O Natal devia ser para passar com quem mais gostamos e não com aqueles que, por acaso, têm o mesmo sangue que nós.
Família somos nós que a construímos. O que vem para trás é só história, que pode ou não ser relevante para a nossa vida.A mim só me importa a família que construí, e por isso para o ano vamos ter um Natal maravilhoso só nós os 4 e se calhar convindo os irmãos do Vasco que nunca passaram connosco o Natal e são pessoas excepcionais.

Friday, December 23, 2011

A beleza é subjectiva

   Conheço pessoas que se sentem inferiores nesta sociedade por se acharem menos belas que as restantes e eu pergunto: o que é a beleza? 
   Tenho a certeza que teria mil respostas diferentes se perguntasse a mil pessoas diferentes porque...Guess what? A beleza tem diferentes sentidos, formas e cores, depende tudo de quem a sente, vê e ouve. Sim porque a beleza não é feita só do que se vê.
   Não digas que és feia/o só porque pesas mais que as pessoas magricelas! Se calhar tu é que estás bem! Não digas que és muito alto/a e que isso não é esteticamente bonito, a altura pode ser um grande ponto a teu favor! Tens cabelo preto? E depois? Usas óculos? E daí? Tens uma perna mais curta que a outra? E? Chega ao pé das pessoas e conta uma piada, esboça um sorriso, começa uma conversa sobre um tema que seja relevante para o outro e verás que serás tratado/a como a pessoa mais linda à face da Terra. E se não fores? É porque nem todos neste mundo conseguem ver a tua beleza. 
   O que conta, acredita, é o coração. E um truquezito que se chama atitude. O resto hás-de saber lidar com o tempo. 
   A verdade, verdadinha, é que mesmo que não acredites a beleza também se pode ir adquirindo. Mas primeiro tens de dar valor a ti próprio/a, porque mais do que tudo é importante a maneira como tu te vês! O resto é maquilhagem e uma roupita engraçada, e isso são os detalhes que se vão adquirindo se assim o quiseres.

                                                              A beleza é subjectiva. Ponto.

Saturday, December 3, 2011

Somos nada

Vejo tudo à minha volta e acredito que antes era tudo diferente, consigo ver a diferença entre o passado, o presente e o futuro, mesmo que o futuro pareça tão longe e intocável. Lembro-me do que era e do que deixou de ser, recordo tudo sem mágoa. Era só diferente, não melhor nem pior diferente... Fio-me nisso e fixo-me nisso, e espero que seja isso que me leve até ao fim tão esperado deste caminho escorregadio e matreiro. Perguntam-me e perguntaram-me qual era a minha finalidade nesta vida, os meus sonhos portanto. E eu respondi e respondo sem mistérios que não sei e que não me importo de não saber. E todos têm pena de mim, considerando que sou um ser sem conteúdo e que caminho à deriva sem saber o que sou, de onde vim e para onde vou. Rio-me da ignorância deles para com a minha essência da qual eles não sabem nada e nunca nada saberão. Porém, esta falta de conhecimento pela minha pessoa deve-se apenas à falta de interesse em aprofundar a mesma. Todos querem chegar ao fundo pisando apenas a superfície, ninguém quer arriscar nem dar um tiro no escuro, muito arriscado dizem eles. Como se a vida não fosse toda ela um grande risco. Quando digo eu que não sei não quero dizer que nunca pensei nisso ou que sou uma besta ignorante e desinteressante que nem sonhos tem. Quero apenas dizer que sonhar é para quem pode e não para quem quer, pois há quem queira e não consiga com tudo o que a vida já lhe provocou de mal. Há quem não consiga chegar até ao perdão, à paz, e ao equilíbrio que é preciso para se sonhar. Há quem não tenha essa sorte. Por isso mesmo não me venham com olhares de desprezo para cima de mim, de mim que nem se quer conhecem e a quem ignoram após uma simples pergunta. E digo mais, todos mentem, todo nós, numa ou noutra ocasião da vida, todos. Não posso eu esconder a minha verdade? Não posso eu ser mais um mísero ser igual a todos os outros? Posso. Claro que posso. Eu partilho aquilo que bem entender. Sejam vocês o que quiserem para mim, eu serei o que quiser também. E os meus sonhos, que são muitos e complexos, nem às paredes contarei, sabendo que neste mundo existem poucos conhecedores da essência da vida e muitos ratos com a mania que são gatos ou cães. Fixo-me portanto no decorrer do tempo, da suposta evolução, e rio-me porque só é sábio quem se ri da desgraça e consegue viver com ela. É sábio pois sabe que a desgraça é um dado adquirido e não algo que podemos escolher. A vida é assim meus caros, os sonhos existem para podermos fingir que é melhor que isto. Mas não, o presente pode ser melhor, o passado e o futuro serão sempre diferentes. Quer queiramos quer não. Não somos nada. Porque somos muitos. É isso que quase ninguém percebe. Que quantos mais somos mais nada nos tornamos. 
Um grande nada rechonchudo e feio.


Inspirei-me um pouco na complexidade e profundidade da escrita de Bernardo Soares.

Tuesday, November 15, 2011

”Assim estaria a tratá-lo pela doença e não pela pessoa”


Escrevo agora um texto que já devia ter escrito há muito tempo mas só agora ganhei inspiração para o fazer. Agradeço à pessoa que me deu a ideia de o escrever e à qual tenho uma enorme admiração por ter feito o que fez e como o fez.

Vou usar algumas frases meio tuas espero que não te importes e é com este texto que eu quero que te identifiques, com toda a glória que tens por seres a pessoa fantástica que és. ^^



 Mais um dia de escola e tudo me parecia igual, as pessoas continuavam as mesmas bestas, o caminho não mudara, o autocarro tinha as mesmas cores, a escola o mesmo ambiente desertificado e escuro. Entrei dentro da sala e olhei para trás para ver se nada me impedia de entrar, mas não, esta tinha sido a vida que escolhi e agora só tinha de aguentar. E ao lembrar-me do Tony Carreira por ter pensado isto acabei por sorrir um pouco e sentar-me na minha mesa um pouco mais confortado de espírito.
Rapidamente adormeci o meu intelecto e comecei a sonhar nas coisas que poderia fazer para mudar o mundo, mesmo sabendo que ali sentado naquela cadeira pouco poderia fazer, até que já eram horas de sair e eu quase agradeci a Deus por isso, mesmo não sendo religioso.
Sai da sala, sai da escola e entrei no mundo real, sabia que tinha outra aula daqui a uma hora mas ainda tinha tempo para passear um bocado e ir almoçar. E foi o que fiz, entrei num restaurante que já tinha visto, no dia anterior, que tinha comida vegetariana, sentei-me e pedi uns bifes de soja que por acaso tinham um óptimo aspecto.
Quando acabei de comer, paguei e vi-me embora respirando fundo o ar de Lisboa, que não era tão bom como o ar ao pé do mar, claro, mas era o que havia, e há falta de melhor aguentamo-nos com o que temos.
E fui passear ali pelas redondezas, estava muito bem a andar quando vi um homem meio perdido no meio de uma estrada, após uma breve observação apercebi-me que o homem era cego e que, nitidamente, precisava de ajuda. Cheguei-me ao pé dele e disse num tom de brincadeira: “Então mas o que é que andamos a fazer no meio da estrada? Está a ver se o matam ou quê? Ande lá para o passeio.” E o homem agradeceu o aviso e até sorriu um pouco. Depois de uma breve conversa indiquei-lhe onde era a paragem de autocarro que ele procurava e fui embora sabendo que a independência deste tipo de pessoas é muito importante mesmo que seja difícil de adquirir.  

Fiquei feliz por puder ajudar e, principalmente, pelo sorriso com que ele ficou na cara depois de eu o fazer porém, o que ficou mesmo na minha cabeça foi uma das coisas que me disse: “Obrigado por não me tratar pela doença mas sim pela pessoa que sou.”

Podem dizer muita coisa mas os sorrisos das pessoas que ajudamos e as suas palavras de agradecimento valem mais do que qualquer outra coisa.

A perder o rumo


    Antigamente não existia quase nenhum tipo de comunicação, se não estivéssemos frente a frente com a pessoa só mesmo por carta é que podíamos comunicar com os outros. E mesmo a correspondência era feita só entre pessoas que se conheciam, era impossível nesses tempos conhecer pessoas para além daquelas que, eram da nossa família, nossos vizinhos, que nos eram apresentadas ou aquelas que esbarrávamos no decorrer da vida. Isto levava a um conhecimento de um grupo pequeno de pessoas, a não ser que fossemos alguém bastante importante como o rei ou alguém por parte da nobreza.

    Hoje em dia quase toda a gente conhece uma data de pessoas, pessoas que são amigos de amigos, pessoas do café, pessoas do trabalho, pessoas da família, pessoas da internet, pessoas do outro lado do mundo que conhecemos quando fomos de férias e mantivemos contacto…
   É que é muito mais fácil manter o contacto, os meios de transporte e de comunicação ajudam-nos a continuar ligados a mil e uma pessoas que antigamente, ou nunca chegaríamos a conhecer, ou facilmente desapareceriam da nossa vida.
   O progresso acabou por aproximar o mundo todo.
No entanto, também acabou por transformar a vida numa confusão: pois em vez de só conhecermos o rapaz lá da terra que é o mais bonito e charmoso, temos como referência um actor americano que vive do outro lado do oceano e o nosso grau de exigência já não é o mesmo, pois em vez de termos sempre o mesmo grupo de amigos que praticamente nasceram connosco, acabamos por ter durante a nossa vida toda três ou quatro grupos diferentes de amigos consoante as escolas onde andámos ou os sítios onde vivemos.

    Já não é nada fácil e simples e puro, é tudo uma grandessíssima trapalhada… E depois dizem que as crianças de hoje em dia não se comparam às de antigamente, que falta-lhes pureza e ingenuidade, dizem que os adolescentes são seres difíceis de descodificar, que são uns rebeldes, que já não sabem o que é educação… Claro que as pessoas não podem ser as mesmas que eram, se tudo mudou as pessoas também mudaram.

    O progresso, a evolução, o desenvolvimento, ou só os humanos a inventarem coisas, como quiserem chamar, tudo isso é bom, claro, mas também tem os seus aspectos péssimos. E um deles é a falta de nitidez e clareza que agora temos, apesar de toda a nitidez e clareza que muitas pessoas pensam ter.
   Não é que antes não houvesse mentes confusas, pessoas sem chão, sem sanidade, pessoas sem rumo, claro que existiam, mas hoje tudo isso se agrava, porque as pessoas sabem da existência das outras milhares de pessoas que existem, porque sabem dos milhares de perigos que correm, porque têm muitas escolhas sobre o que podem comer, onde podem ir, o que podem fazer, etc.
    Hoje é tudo à grande, como diz o Nilton, e isso nem sempre é algo positivo, por inúmeras razões, mas a principal é: já não somos tão puros, tão ingénuos, tão sinceros, já não temos tanta confiança nas pessoas e na vida, já não sabemos apreciar uma flor que está à porta de nossa casa, porque sabemos que existe uma mais bonita no Algarve ou Espanha ou na Costa Rica. Não conseguimos manter os nossos pés no chão, porque sabemos que nas nuvens existe um mundo melhor… E podia continuar infinitamente.
    Tenho pena disto. Tenho pena que os anos tenham passado e tenhamos deixado de lado todas as nossas qualidades-base, as qualidades do povo que eram as únicas como deve ser. A humildade, a generosidade, a bondade, o espírito de sacrifício, a transparência, e todas essas qualidades que muitos dizem que existia muito mais do que existe agora. É só disso que tenho pena. Que estejamos a perder a nossa humanidade e o gosto pelas coisas simples da vida, que deveriam ser sempre as mais importantes. E com isso estejamos a perder também um pouco o rumo á vida e ao que realmente devíamos fazer dela.


Sunday, November 13, 2011

Libertação

Sentei-me ao volante do meu carro e sabia para onde devia ir, no entanto sentia-me presa à rotina. Decidindo quebrá-la, comecei a conduzir guiando-me pelo instinto... 
Parei perto do rio Tejo num dos sítios mais bonitos de Lisboa e segui em rumo ao rio a correr como se fosse lá que estivesse a minha salvação.Quando já o avistava por entre os prédios começaram-me a cair lágrimas dos olhos, uma atrás da outra, cada vez mais pesadas e difíceis de suportar.
Chegada ao rio atirei-me de joelhos para o chão, levei as mãos à cara e lavei a alma que estava em sofrimento há meses. E fiquei ali quase sem me mexer durante imenso tempo. Não sei quanto ao certo só sei que quando me levantei senti os músculos a falharem-me como que também quisessem desistir. Palavra que o meu psicólogo tinha me proibido de dizer e pensar. (Como se fosse possível controlar o nosso pensamento...) Naquele momento era só essa palavra que me fazia sentido...
Olhei para o rio e tudo me parecia calmo e sereno. Pensei para mim mesma que era assim que queria que fosse o fim. Sereno e calmo. 

Há meses que tinha perdido o rumo à vida, há meses que andava-me a arrastar para ir para um trabalho que não me dizia nada, para ir a jantares de família que não me diziam nada, cafés com supostos amigos que já nada me diziam. 
A vida simplesmente tinha deixado de ter significado.
E todos os esforços dos outros, ao tentarem colocar significado na minha vida, pioravam a situação. Pois havia uma coisa que, por mais que quisessem, ninguém conseguia entender: o vazio que sentia de cada vez que acordava, que saía à rua, que via um ser humano igual a mim em estrutura, totalmente diferente em conteúdo.
Ninguém conseguia perceber o quanto me custava respirar todos os dias, o esforço que fazia para sorrir de maneira a que ninguém ficasse preocupado comigo.

- Se vale a pena viver? Vale. Mas não esta vida. - E este foi um dos meus últimos pensamentos antes de fazer uma corrida e atirar-me de cabeça ao rio. Nunca aprendi a nadar, sempre tive pavor a água. Porém, naqueles últimos meses tinha dito e feito coisas que não eram minhas, não era eu. 
Estava-me a tornar uma pessoa sem sentimentos e sem coração. Odiava a pessoa que via, todos os dias, a apoderar-se do meu corpo, já não conseguia viver mais com ela e não tinha forças para lutar contra a transformação que via em mim.

Atirei-me então para o rio Tejo e foi como se me libertassem. Passou tudo pela minha memória numa questão de segundos. Vi a filha que me morreu nos braços, o homem que sempre amei a virar-me as costas, os olhos de incompreensão dos meus pais, a voz de pena dos meus amigos... Vi uma vida carregada de sofrimento e senti o aconchego de saber que nunca mais lembrar-me-ia disso, nunca mais.

O alívio e a paz envolveram o meu corpo e eu não batalhei mais na água para manter-me viva. 
Rendi-me então à morte e a todo o sossego que sabia que ela traria.






Sunday, November 6, 2011

Quero tudo!


Começa aquela música, ouvi-mos uma palavra, relembramos um momento, e, de repente, somos de tal maneira transportados para outro mundo que só nos apetece chorar pela nostalgia vivida. 
Quero entrar dentro daquela voz daquela mulher que canta aquela música que eu tanto amo, quero ouvir mais uma vez aquela palavra que me faz sorrir de todas as vezes que a ouço, quero parar de relembrar momentos e fazer novos momentos! Quero pegar na nostalgia e fazer dela uma vida como deve ser com gargalhadas e conversas e amigos, muitos (bons) amigos e simpatia e honestidade e simplicidade e uma pintada de mistério só porque é isso que dá piada á vida. Continuamente.
Quero aprender a viver, quero estar viva, quero olhar para o futuro e sorrir, quero olhar para o presente e sorrir ainda mais, não quero contar os kms mas sim gravar na memória todas as paisagens, sem pressa. Quero ser mais eu do que alguma vez fui, quero dar tudo o que ainda tenho para dar, quero ser, fazer, abanar alicerces! Erguer uma casa na árvore ou em cima do mar ou um hotel pousado nas nuvens! Quero muito encontrar aquele patamar em que te permites ser tudo aquilo que podes ser, ser criança, ser adulto/a, ser velho/a, ser mãe/pai, ser filha/o, ser amiga/o, ser melhor amiga/o, ser confidente, ser amante, ser trabalhadora/a, ser de confiança, ser porca/o, ser honesta/o, ser divertida/o, ser optimista, ser open-minded, ser diferente, ser igual, ser eu e tu ao mesmo tempo com um bocadinho dele e dela. E, principalmente, estar bem com tudo isso.
Quero incrivelmente bastante conhecer mais o tudo e o nada, pequenos nadas e grandes tudos! Quero e quero e quero e não consigo parar de querer.
Quero tudo, porra, quero tudo!








Sunday, October 30, 2011





Felicidade. Procura. Constante. Busca. Objectivo. Vida. Viver? Sobreviver? Viver. Como? Amar? Como? Viver... Fazer? Descobrir? Ver? Cheirar? Sentir? Sentir. O quê? A onde? Por quem? Por ti? Porquê? Razão? Não. Emoção. Chorar. Sorrir. Isso. Chorar. Preciso. Rir. Também. Viver. Absolutamente. Tudo. Viver. Tudo. "Tudo". Tentar. Encontrar. Sentido. Tentar. Aqui? Ali? Não? Acolá? Tentar... Importante. Não. Parar. Nunca. "Nunca". Sempre. Amar. Vida. "Sempre".      Sono. Cama. Dormir. Sonhos. Sonhos... Enfim.


Tuesday, October 4, 2011

Half a love story


Estava a ouvi-la e entendia muito bem a situação em que estava, havia um homem que ela, irremediavelmente, gostava e a quem não conseguia dizer que não. Este homem vi-a como uma grande amiga e amante mas por alguma razão achava que não fazia sentido comprometer-se numa relação.
É daquelas coisas que a gente ouve e fica com pena.
Por vezes parece que a vida tem de dar mil voltas para depois entrar no eixo, parece que as pessoas precisam de ir dar uma volta ao mundo para decidirem o que é melhor para elas.
Lembro-me de estar a ouvi-la e de pensar que se tivesse numa situação assim, visto que a minha personalidade é muito diferente da dela, iria achar desesperante.

No fundo tudo se resume ao que é que estamos dispostos a fazer por amor.
Há pessoas que se dedicam totalmente sem verem se quer se vale mesmo a pena, e ela era uma delas.
  E depois há outro tipo de pessoas que são aquelas como eu. Não é que de alguma forma desprezemos o amor, simplesmente temos prioridades e elas passam todas por nós mesmas/os, de modo que apenas nos dedicamos quando temos a certeza que essa dedicação é recíproca, quando sabemos que o amor que estamos a dar não é em vão.

Tentei explicar-lhe este mesmo pensamento mas as palavras ficaram na minha mente e não passaram cá para fora pela simples razão que não queria tirar-lhe já a esperança.
 Sei por experiência própria que quando perdemos a esperança andamos um bocado á deriva até voltar á costa, ou seja, até arranjar outro objecto por que esperançar.  
Então a única coisa que me saiu da boca foi:
- Eu percebo, tu apenas queres agarrar-te aos momentos de felicidade que tens com ele.
E ela acenou e disse que era mesmo isso, que preferia ter isso a não ter nada. E eu calei-me com uma tal compreensão pelo que ela estava a sentir/passar que ela não podia imaginar.
 Procuramos, muitas vezes, ficar com a felicidade perto de nós, mesmo quando é uma felicidade incerta. Não posso julgar isso, não podia dizer-lhe para ela esquecer a felicidade e tentar outro caminho.
Não é fácil virar as costas à luz e apalpar terreno na escuridão. Eu sei disso e por isso fiquei calada e apenas lhe disse que o importante era que ela não se esquecesse dela própria no meio daquilo tudo.
Porém, não foi preciso dizer grande coisa que ela era uma pessoa com bastante noção de si mesma e dos outros.

  Por fim tentando dar um fim aquele tema ela comentou que não iria ser sempre assim, que estava apenas a dar tempo, em nome do amor, para ver se ele se decidia. – Para o ano vai ser diferente vou trabalhar para o Norte e não estou à espera que ele venha comigo, mas estou à espera que ele tenha saudades minhas e que se aperceba que eu faço falta. Claro que isso pode não acontecer e se assim for não posso dar mais por este amor e vou seguir com a minha vida. – A última parte do discurso foi exprimido com um tom mais baixo e cabisbaixo como seria de esperar.

Muitas mulheres sabem o que têm de fazer só não o querem fazer.
Com os homens já não é bem assim, penso que eles neste tipo de assuntos são mais cegos e com menos percepção do que realmente se passa à volta deles, nem todos claro, falando no geral.
E expressei esta minha opinião à Viviane, com a qual ela concordou.
Olhei para as horas e já eram 8 horas da noite, ficámos as duas espantadas como o tempo tinha passado tão depressa. Despedimo-nos uma da outra prometendo que nos voltaríamos a encontrar, ambas com um pressentimento de dever cumprido, pois conversas destas não se têm todos os dias.

Saímos as duas do café, uma para cada lado, e eu senti-me melancólica.
Passou pela minha cabeça uma frase que tinha lido já não sabia bem onde: Devíamos estar dispostos a apostar tudo naquilo que realmente gostamos.
Então e se apostarmos tudo e perdermos tudo? Com o que é que isso nos resta? Com a esperança? E para onde vai a felicidade quando perdemos tudo? Não é melhor só apostarmos metade e ir tentando melhorar no jogo? Jogar pelo seguro? Não?

Depende da sorte que se tem e de quanto temos para apostar. Foi a conclusão a que cheguei.

Monday, September 26, 2011

Um dia...



   No outro dia conheci um homem (amigo de uma amiga) e foi com ele que percebi que não andava cá a fazer nada. Mal ele começou a falar eu reparei que ele tinha uma paixão enorme pela vida. Ele falou em ideias e em acções e em tornar real aquilo que estava na nossa cabeça. Falou em sonhos, contou tudo o que já tinha feito, vivido, sido, e eu fiquei cheia de inveja de toda aquela energia que era pura e vinha de dentro.
Depois disso tentei encontrar dentro de mim um bocado dessa energia. Nada encontrei sem ser destroços e pedaços brilhantes de pensamentos e momentos.          
                                                                   Eu queria ser como ele. 
 Eu queria ser a mudança, em vez de ver tudo mudar à minha volta e só eu ficar na mesma. Queria ser eu o tornado, um exemplo a seguir, queria ser eu a revolta. 
Não passo de uma mera observadora que, de vez em quando, lá dá uns palpites e conselhos meio vagos sem nada concreto a sustê-los.

Só queria ser mais como ele, sentir o que ele sente, fazer metade das coisas que faz… Queria que tudo fizesse sentido, como faz quando percorremos um caminho pelo qual estamos apaixonados.

Tuesday, August 30, 2011

A sabedoria da velhice

Pensava todos os dias em como tinha chegado àquele momento, àquela não-vida.
Como é que não conseguia arranjar forças para sair de casa?
Como é que cheguei ao ponto de já nada me dizer nada?

Lembro-me da minha juventude, de ser, imensamente, feliz no mundo do álcool e das drogas.
Era um puto terrível eu, fiz a vida dos meus pais um inferno.
Mas do que mais me lembro desses tempos era da vivacidade que tinha. E pergunto-me, constantemente, para onde é que ela foi.

Quando somos novos temos uma tendência para achar que somos invenciveis e que a vida se deve curvar perante nós... Quando chegamos a velhos percebemos que durante todos estes anos fomos nós que nos curvámos perante a vida. Acabámos por ter acidentes, por quase matar pessoas, por terminas relações boas e magoar pessoas que nem queríamos.

Hoje sentado no meu sofá aos 75 anos apercebo-me que pouca coisa valeu a pena, que não soube colher as amizades certas, não soube aproveitar os pormenores da vida quando podia, não viajei o suficiente dentro de mim ao ponto de fazer e dizer coisas por impulso, coisas que hoje em dia me arrependo.

Fui um puto feliz, cresci e tornei-me um adulto detestável, um velho ainda pior.
Faltaram-me alicerces, faltou-me ter percebido quando devia ter parado de ser irresponsável e estúpido.
Não vi o sinal de STOP, e agora com 75 anos sinto falta de alicerces. Sinto falta de ter uma família e amigos a quem possa ligar de vez em quando, uma mulher que me ame incondicionalmente a meu lado, filhos de quem me possa orgulhar...

Não fiz nada decente na vida e foi preciso chegar a velho e estar reformado para perceber isso.
Para perceber que a única coisa que realmente importa na vida são as pessoas que nós amamos e vice-versa. Foi preciso chegar a esta idade para começar a ter juízo e começar a pensar, verdadeiramente, nas coisas.
Agora, que já não vale de nada. Agora, que a vida já passou por mim.

Pensava que tinha tido uma boa vida...
Os meus 75 anos dizem-me que nunca cheguei a viver inteiramente e completamente.


Acho que vou ligar ás minhas irmãs e pedir-lhes desculpa por ter sido um péssimo irmão, e vou pedir desculpa a ex-amigos e ex-namoradas. E vou esperar que haja alguém que tenha chegado a velho com o dom de perdoar e que me dê uma oportunidade de ser tudo o que nunca fui nestes anos que me restam. Uma pessoa melhor, um amigo verdadeiro, alguém que valha a pena lembrar.







Tuesday, August 23, 2011

23

Ficaram tantas coisas por dizer mas tantas...

Porém, há uma que preciso de deixar escrito: Eu perdoou-te.

Mesmo que aches que não fizeste nada, mesmo que não percebas bem porque te estou a dizer isto agora. Não interessa, nada disso interessa.
Estou tão farta de confusões, de ciúmes, de histórias passadas inacabadas e mal explicadas, de romances efémeros e de "cinzas e vinho", que tu não imaginas.
Quero ultrapassar isso tudo. Eu perdoou-te.

Preciso de olhar para a frente. Sem complicações, sem medos, sem receios, sem dúvidas. Preciso de te perdoar, de te esquecer e de seguir em frente. Preciso de fechar este capítulo com a consciência limpa de que fiz tudo o que sabia e podia, mesmo achando que tu não o fizeste. Sem ódio e sem orgulho a meter-se no meio. Preciso, urgentemente, de tornar este sentimento neutro, preciso, rapidamente, de voltar a sentir-me bem comigo e com a vida.
Consegues perceber isto?
Ao menos isto...



Acho que vou ficar por aqui, porque entre as mil coisas que não te disse, estas são as únicas que, realmente, te posso dizer.
Talvez devesse também pedir desculpa. No fundo, sei o quanto, sempre, fui importante para ti.
No entanto, a vida já me ensinou que há coisas que simplesmente
don´t were meant to be...

E pronto é isto.
Parabéns.

Monday, August 22, 2011

Ilusão

Primeiro de tudo estou mesmo muito feliz por ter voltado a escrever, espero que a partir de agora consiga voltar ao ritmo de escrita que sempre tive. Espero ultrapassar este break de inspiração que me deu.
A respiração de hoje foi esta:


As pessoas preferem viver na ilusão do que enfrentar a realidade.
É um facto.
Não conseguem ir atrás da felicidade na vida real, iludem-se para que a felicidade seja mais imediata, para que tudo seja mais fácil. Novidade: Não a encontrarão assim. Não é esse o caminho. Não vale a pena fechar os olhos àquilo que está mesmo à vossa frente, não vale a pena acreditar em mentiras, não se pode continuar a andar para a frente quando, lá no fundo, não vemos a luz no fim desse caminho quando, lá no fundo, nem acreditamos que aquilo terá saída.

A felicidade verdadeira está no fim do caminho mais complicado, no fim do labirinto mais comprido, está na simplicidade dentro da complexidade, está estampada em sítios improváveis, a felicidade está com aqueles que te merecem e que lutam por ti.
Este conceito que no fundo é o que toda a gente procura não é assim tão fácil de encontrar como alguns parecem acreditar. Mas mais: são poucos os caminhos que vão dar a ela e se não soubermos ver bem as placas e lê-las como deve ser podemos andar perdidos até ao fim da vida sem a encontrarmos. Sem encontrarmos a felicidade verdadeira. Sem espinhas, sem nódoas, sem buracos.

A felicidade, para além de estar nas pequenas coisas e em nós, existe quando lutamos por ela! E
não quando escolhemos a via mais rápida ou a mais cómoda, essa nunca irá levar a nada.

Era isso que eu queria que percebesses. Que não vale a pena iludires-te, que,
quando não queremos enfrentar a realidade, no fim, a dor é sempre a mesma e a felicidade é efémera.

Ajudar não é difícil!

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"...o meu coração é uma floresta cheia de nevoeiro - guarda tudo e não encontra nada. Sou uma recordadora profissional. Vivo de recordações, mesmo daquilo que ainda não fiz.E repito infinitamente os mesmos truques. Iludo-me. Penso sempre que amanhã é que vai ser. Desenvolvi um erotismo futurista: deleito me com o puro prazer dos meus sonhos.De certa maneira, já vivi tudo, porque em sonhos consigo projectar-me inteira nos corpos, nos sentimentos e nas experiências dos outros. Tenho uma capacidade estereofónica; posso ter ao mesmo tempo cem e dezoito anos. O que é um cansaço..." IP