Thursday, April 30, 2009

O nosso fim


O fim será desastroso, não era para ser assim.
Pensávamos que conseguíamos inverter a situação. Estávamos enganados.


“Voltando atrás no tempo, ao tempo onde tudo começou, tudo não, só o começo da nossa suposta evolução.
Começou tudo com os macacos, aquelas belas criaturas…
Depois de muitos anos descobrimos algo que veio mudar tudo.
Língua. Dialecto. Linguagem. A comunicação.
Muitos diriam que foi uma das coisas que nos conduziu à verdadeira evolução.
A evolução… Estou neste momento a esboçar um sorriso trocista.


Era tudo o que os seres como eu queriam, evoluir.
Sei que no início não foi propositado. Apenas evoluímos sem nos aperceber de tal facto.
Mas também nunca nos apercebemos que o melhor era o presente e não o futuro.
No início de tudo, o viver, o estar vivo, a vida era qualquer coisa como um milagre!
Depois deixou de o ser, tornou-se algo banal.
Tornou-se uma certeza para muitos de nós e isso muda tudo.
A vida era o nosso todo, mas era nada comparando com tudo o que existe, existiu, existirá.
Nós queríamos mudar isso.
Quisemos deixar uma marca da nossa existência em todo o lado em que passávamos.
Quisemos ser superiores a tudo o que existiu.
Controlar tudo, ser tudo, fazer tudo, perceber tudo.
E ao longo do tempo, deixámos verdadeiramente de viver.
Deixámos de lado esse pequeno grande milagre.
Como disse Henry David Thoreau na década de 19: Not till we are lost, in other words not till we have lost the world, do we begin to find ourselves.

E hoje percebemos isso com clareza, mas que importa termos nos encontrado se perdemos tudo o que nos rodeava, tudo o que sempre conhecemos?
Esperamos todos os dias pelo fim, porque não aguentamos mais.
A Terra deixou de existir há uns tempos, desapareceu do mapa da galáxia.
Ninguém sabe o que lhe aconteceu, ou melhor nem queremos saber.
Ainda nos custa pensar em tudo o que deixámos para trás.
Hoje estamos aqui nestas casas intergalácticas, que até temos vergonha de chamar de casas, prontos a morrer definitivamente.
Já ninguém quer estar vivo, dizem que é doloroso demais.
Não temos medo nem esperança, deixámos de acreditar.
A humanidade desapareceu.


Mas podemos considerar-nos sortudos, deixámos muitas marcas, (satélites, naves, lixo espacial) que não desaparecerão facilmente. Ironia, ainda a sei utilizar.
A inteligência e a evolução foi o que nos levou até tão longe e foi, simultaneamente, o que acabou connosco e com o nosso mundo.
No fundo, só tenho pena de uma coisa, de termos arrastado connosco o planeta Terra e todas as maravilhas que lá se encontravam
.”

Diário de uma criança com um QI de 100, 2531 anos depois de um suposto Cristo.

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"...o meu coração é uma floresta cheia de nevoeiro - guarda tudo e não encontra nada. Sou uma recordadora profissional. Vivo de recordações, mesmo daquilo que ainda não fiz.E repito infinitamente os mesmos truques. Iludo-me. Penso sempre que amanhã é que vai ser. Desenvolvi um erotismo futurista: deleito me com o puro prazer dos meus sonhos.De certa maneira, já vivi tudo, porque em sonhos consigo projectar-me inteira nos corpos, nos sentimentos e nas experiências dos outros. Tenho uma capacidade estereofónica; posso ter ao mesmo tempo cem e dezoito anos. O que é um cansaço..." IP