Tuesday, June 26, 2012

Não és meu - Parte I



Sabia que ela o amava profundamente e o meu coração encolhia de todas as vezes que a via sorrir para ele. Amigos desde sempre, cedo se tornaram namorados por conveniência, no entanto eu sabia que ela gostava realmente dele de uma maneira incrivelmente intensa.
 Sempre soube disso e estava feliz com a felicidade dela... Até um dia.

   Estávamos, num bar, numa festa de anos de uma amiga, eu sentei-me ao balcão e ia pedir uma bebida quando o namorado dela se aproxima de mim e cumprimenta-me. No início estava tudo certo, sem problemas, ele sempre tinha sido simpático. Porém naquela noite começou a fazer mais perguntas que o costume e a criar uma conversa que nunca mais acabava. Às tantas comecei a estranhar e perguntei-lhe se ele não ia para ao pé da Sónia, a resposta dele foi estranha, a cara mudou logo de expressão e saiu de ao pé de mim com um ar de cão abatido.

 E este foi o primeiro acontecimento que viria a mudar tudo.

   Uma semana depois cruzámo-nos na rua e ele convidou-me para ir lanchar com ele, eu como não tinha nada para fazer disse que sim, que me parecia bem. E começámos à conversa sobre temas abstractos, ambos tínhamos perspectivas diferentes o que tornava a conversa interessante e engraçada. Quando me despedi dele senti-me culpada. E logo apercebi-me que algo de muito errado estava a acontecer, estava a começar a gostar do namorado da minha melhor amiga.

Não sabia o que fazer, não queria magoá-la de maneira nenhuma e por uns tempos tentei afastar-me dele, mas o destino tinha outra ideia...

   O nosso terceiro encontro foi numa discoteca, ambos tínhamos ido por diferentes razões e não estávamos a contar encontrarmo-nos. A Sónia tinha ido para casa da mãe cuidar dela por uns tempos.
  Quando nos vimos houve logo um sorriso sincero, uma troca de palavras breves sobre o porquê de estarmos ali e depois começou uma música que ambos gostávamos. Começámos a dançar e esquecemo-nos que havia um mundo para além de nós. Cantávamos e dançávamos, sorriamos imenso e riamo-nos por alguma coisa que nem nós sabíamos explicar o que era.
   Até que os meus amigos me encontraram e puxaram-me para ir de volta ter com eles, despedi-me do Artur  e quando voltei à realidade só me apetecia dar uma estalada a mim própria.
   Sai mais cedo da discoteca dando a desculpa que estava com dores de cabeça e que ia para casa.
    Mal sai da discoteca vi o Artur cá fora a olhar para o nada, quis ir-me embora sem que ele me visse mas o meu carro estava mesmo à frente dele. Aproximei-me e como já estava um bocado tocada com a bebida disse-lhe que gostava muito da Sónia. Ele assustou-se comigo e ficou a olhar para o chão. Como não dizia nada e eu não estava em condições de falar, peguei nas chaves do carro e comecei a ir em direcção a ele.
   O Artur pegou-me no braço, puxou-me para junto dele, olhou-me nos olhos e abraçou-me. Eu fiquei estática, encostada ao seu peito a ouvir o seu coração bater...
O que deve ter sido minutos pareceram-me meses, e eu já não tinha vontade de sair dali.
   Caiu-me uma lágrima do olho e ele ao ver a minha lágrima apercebeu-se do quanto aquilo era demasiado pesado para mim. Perguntou-me se eu estava bem para conduzir e eu acenei que não com a cabeça, ele pegou nas minhas chaves, sentou-me no carro e conduziu-me até casa.
   Quando lá chegámos eu agradeci-lhe e perguntei-lhe como é que ele ia para casa, respondeu-me que ia chamar um táxi para eu não me preocupar. 
    Levou-me até à porta e dando-me a mão disse que queria tornar aquilo real e possível, eu sem saber o que dizer dei-lhe um beijo na cara e entrei em casa.

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"...o meu coração é uma floresta cheia de nevoeiro - guarda tudo e não encontra nada. Sou uma recordadora profissional. Vivo de recordações, mesmo daquilo que ainda não fiz.E repito infinitamente os mesmos truques. Iludo-me. Penso sempre que amanhã é que vai ser. Desenvolvi um erotismo futurista: deleito me com o puro prazer dos meus sonhos.De certa maneira, já vivi tudo, porque em sonhos consigo projectar-me inteira nos corpos, nos sentimentos e nas experiências dos outros. Tenho uma capacidade estereofónica; posso ter ao mesmo tempo cem e dezoito anos. O que é um cansaço..." IP