Sunday, May 23, 2010

Caminho para a felicidade


Era uma pessoa de ideias fixas, e era teimosa, muito teimosa. Portanto quando eu disse, em voz alta, que não queria ter filhos pensava mesmo que nunca iria mudar de ideias. Porém a vida é demasiado incerta para usarmos a palavra nunca com a intenção que ela perdure. É como a palavra sempre, que raramente é dita de modo totalmente verdadeiro, há sempre o sempre que não é sempre, é só a maior parte das vezes ou muitas vezes...

Hoje talvez perceba o porquê dessa ideia, tinha o exemplo dos meus pais e achava que se fosse para tratar os filhos da mesma maneira que eles me trataram a mim mais valia não os ter.

Depois mudei de ideias, comecei a adorar crianças mais do que a própria vida e achava que devia adoptar pois haviam imensas crianças que precisavam de uma família. Não percebi bem esta mudança radical só sei que elas tornaram-se muito mais especiais do que alguma vez pensei que pudessem ser.

Mas não ficou por aí, acabei por mudar outra vez de ideias. E há uns anos atrás decidi que queria ter filhos, não um mas mais do que um, decidi que custasse o que custasse queria ter uma família grande. Daquelas que têm de tudo desde avós chatos a tios babados e filhos e irmãos que andam sempre à porrada. Descobri que esse era um dos meus grandes sonhos, ter uma família como nunca tive.
Claro que para isso tinha que me juntar com um homem que já tivesse uma família grande.
Por isso quando conheci o Lourenço fiquei a jubilar de alegria. Ele era especial e tinha uma família enorme, muitos irmãos, sobrinhos, tios e primos que eram como irmãos e avós que eram como pais...
Para além de tudo isto adorava a sua família, a maioria eram pessoas incríveis.

Éramos novos mas ambos tinhamos a cabeça, mais ao menos, no sítio. Tínhamos 18 anos e andávamos os 2 na universidade quando aconteceu...
Quando falei com ele ficámos os dois a olhar um para o outro sem saber o que fazer.
Ficámos umas semanas um bocado sem rumo, principalmente quando soubemos que eram gémeos... Eu fiquei tão feliz e ao mesmo tempo tão confusa e baralhada. Ele sorria e chorava, demonstrando um lado inseguro dele que não conhecia.

Sabíamos que era uma responsabilidade tremenda e por isso decidimos contar à família dele. Eu fui um bocado a medo mas o Lourenço tinha a certeza que eles nos iam apoiar. E tinha razão. Disseram-nos para termos aqueles filhos e que sempre que precisássemos eles estariam ali.

Então nós pedimos dinheiro aos pais dele para comprarmos uma casa ali ao pé deles e arranjámos os dois um emprego ao mesmo tempo que estudávamos à noite.
Enquanto eles não nasceram deu para juntar algum dinheiro para comprar os brinquedos, os berços, as fraldas e tudo o mais. Mas quando eles nasceram tornou-se complicado gerir tudo aquilo. Começámos a pensar nas várias hipóteses que tínhamos e percebemos que íamos ter de desistir de alguma coisa. Felizmente que eles nasceram no Verão e todos os problemas pareciam mais pequenos devido ao sol e ao calor.
O Lourenço parou de estudar, com alguma pena dele, e foi trabalhar com o pai na sua empresa de jardinagem. E eu depois de estar dois meses em casa com os meus filhos fui para o meu segundo ano no curso de gestão.

Eram um menino e uma menina lindíssimos, o Diogo era muito parecido comigo e a Inês tinha uns traços do pai e dos avós. Não me arrependo das decisões que tomámos por eles e o Lourenço também não. Ele disse que nada era mais importante que os nossos filhos, e para mim foi a maior prova de amor que nos podia dar.

Valeu a pena todos os esforços que fizemos!
Hoje em dia, o Diogo e a Inês têm 3 anos e eu não podia estar mais feliz. A família dele está sempre lá em casa, que ainda só tem os móveis principais e as coisas dos miúdos, e ajudam-nos imenso.
Hoje penso no passado e sei que se não fosse a família dele não teríamos conseguido, provavelmente nem tínhamos tido o Diogo e a Inês... E este pensamento faz-me adorar ter escolhido o Lourenço para pai dos meus filhos, se não fosse ele e a sua família não estaria tão feliz como estou agora.
Ter filhos é o melhor que podemos fazer por nós próprios, eles ensinam-nos a viver de novo, de uma maneira especial e única.

Muitas das vezes os verbos mais importantes são o querer e o gostar. São eles que movem montanhas.
Nós queríamos e gostávamos e, melhor, tínhamos quem quisesse e gostasse connosco.

2 comments:

Anonymous said...

Uau :O

*

Anonymous said...

To gain that which is worth having, it may be necessary to lose everything else.

Burnadette Devlin


Anonymous

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"...o meu coração é uma floresta cheia de nevoeiro - guarda tudo e não encontra nada. Sou uma recordadora profissional. Vivo de recordações, mesmo daquilo que ainda não fiz.E repito infinitamente os mesmos truques. Iludo-me. Penso sempre que amanhã é que vai ser. Desenvolvi um erotismo futurista: deleito me com o puro prazer dos meus sonhos.De certa maneira, já vivi tudo, porque em sonhos consigo projectar-me inteira nos corpos, nos sentimentos e nas experiências dos outros. Tenho uma capacidade estereofónica; posso ter ao mesmo tempo cem e dezoito anos. O que é um cansaço..." IP