Thursday, February 11, 2010

Um ponto final (e parágrafo)

Precisava de pensar e não sei porquê (ou talvez saiba) apeteceu-me ir até à escola onde andei até ao meu 9ºano.
Sentei-me na paragem, onde em 5 anos que lá andei não me lembro de me ter sentado uma única vez, e olhei para a escola. Continuava com um ar novo como sempre teve, dentro dela não estava ninguém (era fim-de-semana), mas imaginei os miúdos todos lá dentro a correr de um lado para o outro, a jogarem à macaca na rampa e àquele jogo tão especial que sempre tinha feito os alunos daquela escola muito felizes. (Principalmente a mim.)
Nem me atrevo a dizer o nome. A última vez que o fiz, atacou-me uma saudade...
Todo aquele passado mesmo à minha frente deixava-me melancólica e com uma enorme vontade de voltar a viver tudo aquilo.

Estava eu envolvida nos meus pensamentos quando começo a ouvir ao longe uma voz masculina:
-Íris? Íris!

Estava diante de mim um ex-colega meu de turma, em tempos tinha sido alguém especial. Lembrei-me do seu olhar, lembrei-me das suas fraquezas e lembrei-me principalmente do quanto já tinha gostado de mim...
Adorei revê-lo, estava diferente, com um ar mais velho ( que surpresa), com um sorriso mais largo e mais sincero.
Era assim que eu gostava que ele tivesse sido sempre, mesmo quando fui estúpida com ele, mesmo quando tudo acabou.
Porém, acho que não deu para me aperceber do final, aí se fosse hoje... (Não teria feito tudo da mesma maneira?)

Ele sentou-se ao pé de mim e perguntou-me o que era feito de mim que nunca mais tinha dado notícias. E eu disse-lhe que não havia notícias para dar e que a mim também ninguém me procurou.
Ele ficou a olhar para o chão durante alguns segundos e eu comecei lentamente a derramar lágrimas. Quando ele reparou pegou na minha mão e deu-lhe um beijo e comentou que já estava com saudades dos meus choros repentinos.
E eu entre soluços constatei um facto:
- Já não cho-ra-va desde es-sa altura...
- Isso é bom sinal certo? - perguntou-me ele por não me compreender, por não saber de que é feita a minha essência, apesar de tudo.
Eu calei-me, tirei a minha mão de cima da dele e parei de chorar tão repentinamente como comecei.
Ficámos uns minutos calados e depois fiz-lhe a derradeira pergunta:
- Continuas com a Carla?
- Sim, vamos casar para o ano.

E eu lembrei-me do que ele me tinha dito há uns anos atrás que se eu quisesse, casava comigo. Mas que não podia ser naquela altura porque ainda era muito novo.

- Hum... Ainda bem então. - respondi-lhe eu, não sendo muito convincente.
- Mas afinal ainda não me disseste o que é que estás aqui a fazer...
- Até te diria, se soubesse.
Levantei-me e finalizei a conversa sem tirar os olhos da escola:
- Tenho saudades, mas esqueço-me que o passado não pode voltar. Gostei de te ver, até à próxima.
- Bem, sabes que pode não haver uma próxima tão cedo não sabes?
- Bem sei, mas não estou preocupada. Antes enchi-me de preocupação a mais, agora... Olha se tiver de ser de certo que o destino trata de nos unir de novo. - mal acabei de dizer isto, apercebi-me que tinha usado o verbo unir. Olhei para ele, esbocei um dos meus melhores sorrisos e fui-me embora não olhando para trás. Ele já teve de gritar para se fazer ouvir:
- Sempre adorei esse teu sorriso!

Inevitavelmente voltei a sorrir, desta vez para o chão e para mim própria e para o caminho que tinha à minha frente. E dei conta do que tinha acabado de fazer, tinha acabado de pôr um ponto final no passado e de sorrir para um futuro que me esperava ansiosamente.

1 comment:

Dianinha said...

E de repente, lembrei-me de duas pessoas que andaram comigo até ao 9º ano, e aposto que tu as conheces tão bem ...

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"...o meu coração é uma floresta cheia de nevoeiro - guarda tudo e não encontra nada. Sou uma recordadora profissional. Vivo de recordações, mesmo daquilo que ainda não fiz.E repito infinitamente os mesmos truques. Iludo-me. Penso sempre que amanhã é que vai ser. Desenvolvi um erotismo futurista: deleito me com o puro prazer dos meus sonhos.De certa maneira, já vivi tudo, porque em sonhos consigo projectar-me inteira nos corpos, nos sentimentos e nas experiências dos outros. Tenho uma capacidade estereofónica; posso ter ao mesmo tempo cem e dezoito anos. O que é um cansaço..." IP