O telefone tocava e tocava e mais uma vez não me atendias. Já tinha percebido que nada significava para ti mas queria-o ter ouvido, queria ter-te ouvido a pronunciar cada som de cada letra dessa mesma expressão - não significas nada.
Rio-me do que sei sobre mim, sobre as acções que pratico opostas aquilo que penso e sinto, sobre a constante mudança de opinião. O que pensei que fizesse todo o sentido ontem, hoje parece um absurdo.
Tudo me parece um absurdo e é a este estado que volto de todas as vezes que não me atendes a merda do telefone!
Sei o que estás a fazer, sei o que não me queres dizer, sei que não há significado por detrás da superficialidade dos nossos corpos.
O Absurdo de saber que não me aguento na instabilidade e mesmo assim é a ela que, constantemente, me agarro...
Recebi uma mensagem tua e não a quero ler. O absurdo de saber que é inevitável que o faça.
Tu a dizeres que não te esqueceste de mim,
eu a saber que é mentira que já nem te lembravas da minha existência.
Tu a dizeres que vens já de seguida para perto de mim,
eu com a maquilhagem borrada sabendo que vais demorar mais de duas horas a vir para teres tempo de dar uma desculpa à outra.
Eu a saber o absurdo de tudo isto,
tu a quereres tudo na mesma,
nós sem significado.
Eu a abrir-te a porta sem te dar um estalo,
tu a dares-me um beijo com o mesmo sorriso de sempre.
O mundo a continuar a girar e nós ali. Tu ficas, e eu sem dizer nada fico também, a vivermos a tua verdade e a minha mentira. A jogarmos o teu jogo por ter perdido o meu dado.
A transparência da minha mentira, a tua verdade distorcida, o meio-termo que eu tando odeio. A minha fé destruída, a minha esperança desmoronada, a minha vida crucificada.
O tudo do nada, o patamar sem terreno, o sol sem luz, o carinho sem amor, as horas sem conteúdo, a merda dos momentos sem qualquer significado!
Eu a lembrar-me do que sou,
tu a ires-te embora para ao pé da outra.
O meu último sorriso, o meu último adeus, para ti a última vez de mim.
Eu a voltar a ser eu.
Eu,
eu ,
eu,
eu,
eu ,
eu,
e já não vai haver mais nada. A nossa história está à venda,
a um preço baratuxo,
pois vale pouco, muito pouco.
No comments:
Post a Comment