
Aquele dia de chuva foi o primeiro dia em que falei contigo como deve ser, lembro-me de me levares para tua casa e estarmos horas à conversa na tua sala toda desarrumada e ainda com poucos móveis. Ofereceste-me um chá e não um café e logo aí despertas-te a minha atenção. Eras diferente de todos os homens que conhecia, tinhas um brilho especial em cada movimento que fazias. Na verdade hoje em dia ainda acho que és uma pessoa fantástica, mas hoje em dia somos casados há 2 anos e já se meteram uma data de coisas pelo meio.
Não basta gostar e não basta "empatizar-mos" com uma pessoa, temos, incessantemente, que ter vontade de construir algo com ela, de querer partilhar pequenas coisas, de querer que ela se torne parte de nós. Só assim tem-se um casamento feliz e estável. E como se não bastasse é preciso que ambas as pessoas sintam e queiram isso, o que torna tudo ainda mais difícil.
Ao fim de dois anos percebi que apesar de gostar era um gostar tipo "tu ali e eu aqui e daqui a bocado um bocadinho juntos", e isso não resulta.
Tive uma conversa séria com ele há uns dias sobre isto mas ele não entendeu nada do que eu quis dizer. Talvez porque só as mulheres, ou talvez só mesmo eu, é que pensem a fundo nas coisas. E eu vejo um leque de vidas para além desta, e vejo-me em todo o lado para além daqui.
A empatia não é tudo, o tudo somos nós que o construimos, se assim o quisermos, e eu acabei de me aperceber que não me apetece construir nada por agora (ainda me faltam materiais).
Amor, ficas por aqui? Eu vou só viajar um bocadinho e viver momentos de aventura e excentricidade e já volto. Pode ser que depois já tenha os materiais suficientes para construir algo contigo. Se não tiver, saberei que não fomos talhados para ficar juntos.
1 comment:
"A empatia não é tudo, o tudo somos nós que o construimos, se assim o quisermos, e eu acabei de me aperceber que não me apetece construir nada por agora (ainda me faltam materiais)."
Gostei muito deste texto, especialmente deste pedaço!
Beijinho*
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