A minha cabeça está cheia de nada. Tento construir frases que façam sentido mas já nada me faz sentido.
Bem, a minha vida nunca foi fácil mas ela também não é exemplo para ninguém. Vou falar dos meus fantasmas...
Quando era pequeno o meu pai batia-me e a minha mãe estava constantemente a deitar-me abaixo. Cresci a achar que era lixo, que não era nada. Cheguei a perguntar-me porque raio tinham eles os dois me posto no mundo.
Quando já tinha os meus 26 anos encontrei uma mulher lindíssima por fora e por dentro que me quis aturar, supostamente, até ao resto da vida dela (Foste tu Madalena, pobre de ti.)
Eu que nunca fui líder de coisa nenhuma e nunca fui superior a nada comecei a sentir-me poderoso quando lhe batia e via o medo nos seus olhos. Isso, incrivelmente, fazia-me sentir melhor comigo mesmo e com o mundo.
Durante anos a minha rotina era: acordar, comer, ir trabalhar, chegar a casa, bater nela, petiscar e ir dormir. A minha consciência estava adormecida e eu tornei-me naquilo que sempre pensei ser, lixo.
Escrevo-te agora Madalena para te pedir desculpa pelo trauma que te causei e pedir-te que afastes o nosso filho de mim.
Desculpa por ser como sou... Há coisas que são quase impossíveis de mudar, é algo que já vem nos genes e que se entranha tão fundo que se mistura com a nossa essência... Isto se já não fizer parte dela.
Parvoíces que estou para aqui a dizer, a tentar desculpar-me por algo que não tem desculpa.
Sou culpado. Condenado a ser lixo desde que nasci. E o destino ninguém muda. O meu sempre foi negro…
Amanhã me matarei Madalena. Amanhã será o dia do alívio, finalmente.
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